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“Toda hora me dá vontade de chorar”, diz porteiro chamado de macaco

Vítima de racismo no prédio em que trabalha, Reginaldo Silva, de 51 anos, pediu licença da função por não estar em condições emocionais

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Porteiro sofre racismo e é agredido em prédio em Copacabana, no Rio 2
1 de 1 Porteiro sofre racismo e é agredido em prédio em Copacabana, no Rio 2 - Foto: Reprodução

Rio de Janeiro- O porteiro vítima de racismo em seu local de trabalho, em Copacabana, zona sul do Rio, decidiu pedir três dias de licença para tentar se recuperar do trauma sofrido. Reginaldo Silva de Lima, de 51 anos, foi chamado de macaco e vagabundo por Gilles David Teboul, morador do prédio, que é francês.

“Estou deprimido com tudo isso. Desde domingo que não consigo dormir direito, estou sem comer. Toda hora que vem a lembrança na cabeça tenho vontade de chorar”, conta Reginaldo ao Metrópoles.

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O homem agrediu o porteiro com socos, tapas, pontapé e enforcou a vítima
Toda a cena foi registrada por câmeras de segurança
Reginaldo fez o registro de ocorrência e vai entrar com uma ação judicial contra o francês
Porteiro Reginaldo Silva de Lima denunciou um caso de racismo em seu ambiente de trabalho
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O francês Gilles David Teboul é acusado de cometer ofensas racistas e agredir Reginaldo

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O homem agrediu o porteiro com socos, tapas, pontapé e enforcou a vítima

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Toda a cena foi registrada por câmeras de segurança

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Reginaldo fez o registro de ocorrência e vai entrar com uma ação judicial contra o francês

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Porteiro Reginaldo Silva de Lima denunciou um caso de racismo em seu ambiente de trabalho

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O Sindicato dos Porteiros tem prestado apoio a Reginaldo com auxílio jurídico e psicológico. Na quinta-feira (7/7), o porteiro vai ser atendido por uma psicóloga para fazer um acompanhamento.

Câmeras de segurança registraram a agressão cometida pelo francês e o momento em que ele se aproxima para enforcar Reginaldo. Veja:

 

 

O ataque racista aconteceu no dia 26 de junho, quando o francês Gilles David Teboul, desceu as escadas do prédio com seu cachorro. Como ele não conseguiu pegar o elevador de serviço porque a porta estava aberta, decidiu ofender e agredir Reginaldo.

O caso está sendo investigado pela 12ª DP, e Gilles já foi intimado para prestar depoimento. Além das ofensas racistas, o francês é acusado de agredir o porteiro com socos e pontapés.

Depois de ser enforcado e chamar a polícia, Reginaldo ainda recebeu ameaças do francês: “Se você for à delegacia fazer registro contra mim, eu te mato”.

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Crime imprescritível é aquele que não prescreve, ou seja, que será julgado independentemente do tempo em que ocorreu. No caso do racismo, a Constituição Federal de 1988 determina que, além de ser imprescritível, é inafiançável
O racismo está previsto na Lei 7.716/1989 e ocorre quando pessoas de um determinado grupo são discriminadas de uma forma geral. A pena prevista é de até 5 anos de reclusão
Segundo o advogado Newton Valeriano, “quando uma pessoa dona de um estabelecimento coloca uma placa informando "aqui não entra negro, ou não entra judeu", essa pessoa está cometendo discriminação contra todo um grupo e, dessa forma, responderá pela Lei do Racismo”
Ainda segundo o especialista, “no caso da injúria racial, prevista no Código Penal, a pena é reclusão de 1 a 3 anos, mais multa. Nesses casos, estão ofensas direcionadas a uma pessoa devido à cor e raça. Chamar uma pessoa de macaco, por exemplo, se enquadra neste crime”
Em situações como intolerância racial e religiosa, a vítima deve procurar as autoridades e narrar a situação. “Se o caso tiver sido filmado, é importante levar as imagens. Se não, a presença de uma testemunha é importante”, afirmou Valeriano
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No Brasil, os termos racismo e injúria racial são utilizados para explicar crimes relacionados à intolerância contra raças. Apenas o primeiro é considerado imprescritível

Ilya Sereda / EyeEm
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Crime imprescritível é aquele que não prescreve, ou seja, que será julgado independentemente do tempo em que ocorreu. No caso do racismo, a Constituição Federal de 1988 determina que, além de ser imprescritível, é inafiançável

Xavier Lorenzo
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O racismo está previsto na Lei 7.716/1989 e ocorre quando pessoas de um determinado grupo são discriminadas de uma forma geral. A pena prevista é de até 5 anos de reclusão

Vladimir Vladimirov
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Segundo o advogado Newton Valeriano, “quando uma pessoa dona de um estabelecimento coloca uma placa informando "aqui não entra negro, ou não entra judeu", essa pessoa está cometendo discriminação contra todo um grupo e, dessa forma, responderá pela Lei do Racismo”

Dimitri Otis
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Ainda segundo o especialista, “no caso da injúria racial, prevista no Código Penal, a pena é reclusão de 1 a 3 anos, mais multa. Nesses casos, estão ofensas direcionadas a uma pessoa devido à cor e raça. Chamar uma pessoa de macaco, por exemplo, se enquadra neste crime”

Aja Koska
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Em situações como intolerância racial e religiosa, a vítima deve procurar as autoridades e narrar a situação. “Se o caso tiver sido filmado, é importante levar as imagens. Se não, a presença de uma testemunha é importante”, afirmou Valeriano

FilippoBacci
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No caso do racismo, qualquer pessoa pode denunciar, independentemente de ter ou não sofrido a situação. Para isso, basta procurar uma delegacia e relatar o caso. Se for de injúria racial, no entanto, é necessário que a vítima procure pessoalmente as autoridades

LordHenriVoton
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Além disso, a vítima também pode pedir uma reparação de danos morais na Justiça

LumiNola
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Recentemente, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o crime de injúria racial é uma espécie de racismo e, portanto, é imprescritível. Os ministros chegaram ao posicionamento após analisarem o caso de uma idosa que chamou uma frentista de “negrinha nojenta, ignorante e atrevida”

Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Plenário do Senado Federal

Waldemir Barreto/Agência Senado

Marcas do racismo

Mesmo após o episódio, Reginaldo ainda encontra com Gilles no prédio, já que ele é morador. “Ele acha que o dinheiro está acima de tudo. Falou em uma entrevista que pagou R$ 10 mil para o advogado e vai processar todo mundo no prédio. Não consigo entender o que passa na cabeça dessas pessoas”, disse.

Porteiro há 25 anos, ele trabalha no prédio há quatro como auxiliar de serviços gerais e cobre folgas na portaria. Segundo ele, essa foi a primeira vez que sofreu racismo.

“Ele me agrediu mas não deixou marcas. A marca que ele me deixou foi com o racismo. Essa é uma marca que nunca vai sair da minha cabeça”, relatou Reginaldo.

Reginaldo é casado, pai de cinco filhos já adultos e conta que está recebendo todo o suporte deles.

“Minha família é o que está me segurando, eles têm me dado muito apoio. As pessoas do prédio também, mas não quero que pensem que estou querendo ganhar algo em cima disso. Quero mesmo é expor o racismo das pessoas. Só isso”, contou o porteiro.

O Metrópoles entrou em contato com Gilles, mas até a conclusão da reportagem, não obteve retorno.

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