TJGO prevê gasto de R$ 740 mil para barrar gravações e câmeras ocultas
Processo licitatório está em andamento. Empresa de São Paulo apresentou proposta para menos itens e com custo mais alto para cada um deles
atualizado
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Goiânia – O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) planeja gastar R$ 740,9 mil com aquisição de bloqueadores de gravadores de áudio e câmera secretos, além de outros equipamentos de kit de contrainligência para a segurança institucional. O pedido foi realizado pelo gabinete militar vinculado diretamente à presidência do órgão.
O Metrópoles teve acesso ao estudo técnico preliminar para aquisição dos equipamentos, mas não obteve resposta do presidente do TJGO, desembargador Carlos Alberto França, sobre a necessidade do gasto neste momento. Ele foi procurado por meio da assessoria de imprensa do órgão. O processo licitatório está em andamento.
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Comandados pelo chefe do Gabinete Militar do Poder Judiciário de Goiás, tenente-coronel Rodrigo Barbosa, o capitão da Werlen Vieira da Silva e o subtenente Paulino Mota da Cruz realizaram o estudo preliminar. O documento apresenta as especificações e o gasto estimado com cada aparelho.
Lista de equipamentos
Veja, abaixo, relação de equipamentos e seus respectivos custos:
Analisador espectral: com gasto de R$ 430.200,00, aparelho serve para realizar varreduras com objetivo de identificar eventuais equipamentos clandestinos de gravação e transmissão de áudio e vídeo em funcionamento.
Detector de junções não lineares: com gasto de R$ R$ 215.740,00, aparelho deve “realizar busca minuciosa para localizar eventuais equipamentos de gravação e transmissão ligados ou desligados em locais sensíveis”. Serve para detectar wi-fi ou se desligados, ou não.
Kit contramedidas com bloqueador de gravadores de áudio: com gasto de R$ 43.430,00, aparelho localiza microcâmeras ocultas e emissor de interferência de ruído. Também “mascara conversa criando uma barreira adicional de interferência de ruído e ajuda identificar e localizar rapidamente uma câmera oculta, usando uma variedade de LEDs ultra brilhantes” para procurar sinais de radiofrequência.
Kit de ferramentas de inspeção: com gasto de R$ 32,9 mil, aparelho serve para auxiliar agentes de segurança a verificar “a existência de dispositivos eletrônicos de vigilância ameaçadores”. Eles são gravadores ou câmeras ocultas escondidos em tetos, por trás das paredes, dentro de veículos ou até mesmo em outros dispositivos.
O kit também inclui detector de radiofrequência e gerador de ruído, capaz de “mascarar o tom da fala, garantindo que as vozes não sejam gravadas” em determinado ambiente.
As ferramentas são combinadores de parafusos e detector de metais para avaliação não destrutiva, martelo para avaliar a estabilidade de uma junção sob a vibração física, luz ultravioleta, caneta de marcação e até chave de fenda de múltiplos propósitos. Também estão incluídos alicates, cortadores de fio, espelhos de inspeção, entre outros.
Boroscópio: com gasto de R$ 18.700,00, equipamento também é destinado a vistoriar locais de difícil acesso, para localizar eventuais equipamentos de gravação e transmissão de áudio e vídeo ilegais.
Proposta
O tribunal goiano já recebeu proposta de uma empresa de São Paulo. Caso seja homologada no processo licitatório, o TJGO vai adquirir apenas dois dos cinco itens listados no estudo preliminar, ambos com custo bem acima do previsto pelo próprio gabinete militar do Poder Judiciário goiano para cada um deles. Juntos, apenas os dois itens somam R$ 401,8 mil.
O primeiro item apresentado ao TJGO na pela proposta da empresa é um equipamento portátil detector de junções não lineares, com gasto de R$ 233 mil. Significa que é R$ 17.260,00 mais caro que o custo previsto no estudo técnico preliminar do tribunal.
O segundo item é o kit de proteção para contramedidas com bloqueador de gravadores de áudio, com gasto de R$ 168,8 mil. Esse valor apresentado pela empresa representa um gasto quase três vezes maior que o detalhado pela equipe do Judiciário goiano, inicialmente, no estudo oficial.
A presidente da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego), juíza Patrícia Carrijo, disse, por meio da assessoria de imprensa, que defende o investimento em segurança institucional.
“Posto que assuntos como este sejam exclusivos ao TJGO, não cabe à Asmego participação nem tampouco discussão”, afirmou Patrícia.
O TJGO não informou previsão para conclusão do processo licitatório e se irá homologar, ou não, a proposta já apresentada pela empresa de São Paulo.
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