Testemunhas e deputados “somem” de sessões sobre a cassação de Brazão
Conselho de Ética da Câmara dos Deputados analisa processo que pode resultar na cassação de Chiquinho Brazão
atualizado
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O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados tem realizado as oitivas das testemunhas no processo que pode culminar na cassação de Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), apontado como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol). No entanto, durante as sessões, há baixa participação de parlamentares e testemunhas.
A primeira oitiva ocorreu na última terça-feira (15/7), com a participação de testemunhas apresentadas pela relatora do processo, Jack Rocha (PT-ES), e pela defesa de Brazão. Apesar disso, foram ouvidos apenas o deputado federal Tarcísio Motta (PSol-RJ), colega de Marielle na época do crime, e Marcos Rodrigues Martins, ex-assessor de Chiquinho Brazão.
A sessão da semana passada contou com a presença, pelo menos registrada, de ao menos 18 deputados federais. Todavia, apenas Tarcísio Motta e Chico Alencar (PSol-RJ) tiveram participação efetiva nas oitivas.
O Conselho de Ética realizou nesta segunda-feira (15/7) nova rodada de oitiva de testemunhas. Foram ouvidos Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro; Willian Coelho, vereador do Rio; e Paulo Sérgio Ramos, ex-deputado federal. Dos deputados presentes, apenas Chico Alencar realizou perguntas aos depoentes.
O presidente do Conselho de Ética, Leur Lomanto Júnior (União-BA), argumenta que a baixa participação dos deputados nas sessões do colegiado se dá pela participação dos parlamentares em convenções partidárias, diante da proximidade das eleições municipais.
“Os deputados estão em recesso, nas suas bases, participando de convenções. Isso dificulta uma maior participação”, destacou Leur Lomanto. “Cumpriremos os prazos regimentais e analisaremos o parecer da relatora no início de agosto”, complementa o presidente do Conselho de Ética.
Em 16 de junho, Jack Rocha apresentou o plano de trabalho para coleta de provas materiais e escuta de testemunhas. O documento previa o depoimento de 15 testemunhas, incluindo Chiquinho Brazão.
Ainda assim, testemunhas declinaram do convite e não comparecerão ao Conselho de Ética para prestar depoimento. Como é o caso do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), que foi substituído pela defesa de Brazão por Rivaldo Barbosa.
Jack Rocha, por sua vez, convidou os delegados da Polícia Federal (PF) Federal Guilherme Catramby, Jaime Junior e Leandro Almada, além da subprocuradora-geral da República Raquel Dodge e de Paulo Gonet, atual procurador-geral. No entanto, nenhum confirmou presença.
A oitiva de testemunhas no processo contra Chiquinho Brazão ainda não terminou. Está previsto o depoimento do próprio deputado federal, de Domingos Brazão e de Thiago Kwiatkowski Ribeiro, vice-presidente do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE).
Relatório da PF
Segundo o relatório divulgado pela PF, os irmãos Brazão seriam os mandantes da morte de Marielle Franco, e Rivaldo Barbosa teria participado do planejamento do crime e atrapalhado nas investigações.
Marielle e Anderson Gomes foram mortos em 14 de março de 2018. Nesse meio-tempo, a Polícia Civil do Rio ficou responsável pela investigação do caso, que culminou na prisão do ex-policial militar Ronnie Lessa. Porém, a investigação não foi capaz de indicar os mandantes do crime.
A Polícia Federal, no ano passado, passou a contribuir nas investigações. Diante disso, em março deste ano, foram presos Domingos e Chiquinho Brazão, apontados como mandantes do crime, além de Rivaldo Barbosa. Os três estão em presídios federais.
A prisão dos três aconteceu após delação premiada de Ronnie Lessa, executor confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.