Testemunha acusa PM e ex-PM de envolvimento na morte de Marielle
Ela teria sido morta porque estava atrapalhando a milícia na zona oeste. A polícia já investigava a possibilidade de participação do bando
atualizado
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Um policial militar e um ex-PM participaram do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e de seu motorista, Anderson Gomes, no dia 14 de março, disse aos investigadores uma testemunha do crime. A informação é do jornal O Globo desta quinta-feira (10/5).
A testemunha teria contado que, no carro usado pelos assassinos, um Cobalt prata, estaria um policial atualmente em atividade no batalhão do bairro de Olaria e um ex-PM do batalhão do Complexo da Maré, duas áreas conflagradas da capital fluminense.
Os quatro seriam ligados ao miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica. Ele seria sócio do vereador Marcello Siciliano (PHS), conforme denunciou a testemunha. O vereador teria mandado matar Marielle porque ela estava “atrapalhando” a milícia na zona oeste. A polícia já investigava a possibilidade de participação do bando no duplo homicídio.
Nesta quinta-feira (10), o vereador desqualificou o depoimento da testemunha que o acusou de ter envolvimento na morte da vereadora. Ele disse tratar-se de um “factoide” e alegou nunca ter tido desentendimentos políticos com Marielle.
“Quero expressar minha indignação como ser humano. Estou perplexo. Minha relação com a Marielle era muito boa. Estou sendo massacrado nas redes sociais. Mais do que nunca, quero o caso resolvido”, disse Siciliano, em entrevista à imprensa convocada por ele no auditório de um prédio no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio.
Conforme a denúncia da testemunha, publicada também pelo jornal O Globo, o vereador participou, no ano passado, de reunião em um restaurante no Recreio com Orlando Curicica, na qual disse: “Precisamos resolver isso logo”. Araújo seria chefe de uma milícia em Curicica e teria “negócios” com o vereador da região. Ele era ligado ao jogo do bicho e depois se associou à milícia. O vereador nega.
Siciliano é empresário da área de construção civil e tem como reduto eleitoral Vargem Grande e Vargem Pequena, área da cidade onde se estabeleceu há 20 anos. A milícia vem avançando nos últimos anos nos dois bairros, extorquindo moradores e comerciantes e construindo edifícios para aluguel, segundo investigações do Ministério Público.
A área vem experimentando crescimento populacional. Já foi considerada “neutra”, ou seja, sem dominação de traficantes, e acabou sendo “encampada” por milicianos.
Reconstituição
Marielle Franco estava em um carro e levou quatro tiros na cabeça. Seu motorista, Anderson Gomes, morreu por estar na linha de tiro. Na noite desta quinta-feira (10), será feita reconstituição do atentado, na área central do Rio de Janeiro. O local já está sendo preparado e, para reprodução mais aproximada possível da noite de 14 de março, serão usadas arma e munições verdadeiras.