Tereza Cristina rejeita nota que abrandava alimentos ultraprocessados
A ministra pondera também que aspectos relacionados às questões nutricionais são de competência da área da saúde
atualizado
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Após diversas críticas, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, rejeitou, nesta quinta-feira (24/9), a nota técnica elaborada por uma das secretarias de sua pasta que tenta reformular e tornar ineficaz o Guia Alimentar Para a População Brasileira, de uma forma em que melhore a imagem dos chamados alimentos ultraprocessados.
O assunto em questão repercutiu no mundo todo, quando trinta e três cientistas de países como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Reino Unido, México, Chile e África do Sul assinaram uma carta endereçada à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para mostrar resistência à nota técnica em questão.
O Guia Alimentar Para a População Brasileira, de 2014, de autoria do Ministério da Saúde, é um compilado de diretrizes a respeito de alimentação, incluindo a orientação para evitar alimentos processados. O guia é reconhecido e elogiado por cientistas e profissionais de saúde do país e do mundo.
O que diz a nota técnica
De acordo com a nota técnica do MInistério da Agricultura (Mapa), “quando um documento oficial do governo brasileiro orienta ‘evite alimentos ultraprocessados’, está generalizando algo que é muito diversificado. Quando usamos esta classificação equivocada, pesquisas mostram que existem alimentos que são classificados nesta ‘categoria ultraprocessados’ e que são feitos industrialmente de forma semelhante a preparações culinárias caseiras”.
No documento assinado por Luís Eduardo Rangel e Eduardo Mazzoleni, diretor e coordenador do departamento de Análise Econômica e Políticas Públicas da Secretaria de Política Agrícola do ministério, há um ataque à forma de classificar a comida: “Em relação à diferenciação de ‘alimento ultraprocessado’ por meio da contagem do número de ingredientes (frequentemente cinco ou mais), parece ser algo cômico”.
Decisão da ministra
De acordo com nota enviada ao Metrópoles, o Mapa afirmou que a Tereza Cristina devolveu a nota técnica à Secretaria de Política Agrícola, responsável pelo texto, e pediu que ela seja reformulada.
“A ministra avalia que os itens descritos neste documento interno não apresentam ainda argumentos suficientes para embasar um pedido de revisão do Guia Alimentar ao Ministério da Saúde. Vale ressaltar que, ao contrário do que chegou a ser divulgado nas redes sociais, o documento não foi encaminhado ao Ministério da Saúde”, diz a nota.
Na avaliação do Mapa, os aspectos do Guia que se referem diretamente à agropecuária e à área de atuação do Mapa, como a questão de nomenclaturas voltadas a agricultura orgânica ou agroecológica ou mesmo as referências à sustentabilidade da agropecuária, devem se manter na pauta de debate entre as pastas da Saúde e da Agricultura, a fim de assegurar a convergência da boa política pública.
“O Ministério reafirma que os aspectos relacionados às questões nutricionais são de competência das áreas de saúde”, finalizou.