Tereza Cristina: culpar “o homem do Pantanal” pelos incêndios é injustiça
A ministra acrescentou, porém, que é necessário punir quem ateou fogo no bioma, “propositalmente ou inadvertidamente”
atualizado
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A extrema seca pela qual passa o Pantanal neste ano faz com que a “tendência” seja a ocorrência de mais incêndios no bioma, afirmou a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em live promovida pela revista Época na noite desta quarta-feira (23/9). “Não vou dizer que é normal, nem agradável (os incêndios), mas a tendência, com a seca que tivemos, é que houvesse mais incêndios”, disse Tereza Cristina.
Ao afirmar que “passou a infância” no Pantanal e conhece bem a região, ela advertiu que “culpar o homem do Pantanal pelos incêndios, aquele trabalha lá, é injustiça”, já que ele também está tendo muito prejuízo por causa do fogo.
“Ficamos penalizados com a fauna, com a onça e o jacaré, mas temos de lembrar que as pessoas que estão lá terão um período difícil agora”, advertiu. “Não vão ter pasto, o gado vai emagrecer e a região tem uma logística difícil e complicada para abastecer os animais com ração. É uma judiação e um sofrimento generalizado”.
A ministra acrescentou, porém, que é necessário punir quem ateou fogo no bioma, “propositalmente ou inadvertidamente”. “A lei existe e é para ser cumprida”, reforçou.
De todo modo, acrescentou que se deve pensar se o bioma Pantanal está sendo trabalhado “da maneira correta”. “Sobre a ‘pata do boi’, que muitos querem tirar, os velhos pantaneiros dizem que o boi é o bombeiro do Pantanal, porque ele come a palha e as gramíneas. Assim, se tiver fogo ele não se alastra como vimos este ano”, exemplificou.
“Temos de aprender com quem vive lá e com a ciência, e também com quem está estudando os efeitos do clima.”
Indagada sobre os investimentos portentosos que o Estado da Califórnia (EUA) – também vítima de trágicos incêndios este ano -, faz para minimizar os efeitos das mudanças climáticas, a ministra disse que “não dá para comparar” o tamanho da Califórnia com o tamanho do Brasil. “A Europa (ocidental), por exemplo, cabe inteira na Amazônia”, destacou.