“Tento falar há mais de um ano com ele”, diz Weintraub sobre Bolsonaro
Indicado por Bolsonaro a uma diretoria do Banco Mundial, ex-ministro da Educação diz que ex-chefe não o atende
atualizado
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Mal havia amanhecido nesta sexta-feira (21/1) e Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação, já estava abastecendo a treta da extrema direita nas redes sociais.
Aliado “raiz” de Bolsonaro, Weintraub tem se distanciado do ex-chefe e protagoniza uma campanha paralela ao governo de São Paulo, à revelia da pré-candidatura oficial, dada ao ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura). Ao responder a uma cobrança para recuar em sua rebelião, Weintraub respondeu a uma tuiteira bolsonarista às 6h29 da manhã: “Tento falar há mais de um ano com ele…”.
Nesse período, Weintraub atuou como diretor no Banco Mundial, ganhando salários em dólar que superam os R$ 100 mil por mês, e até foi acusado pela associação de funcionários da instituição multilateral de usar o cargo para buscar objetivos eleitorais no Brasil.
Na noite de quinta-feira (20/1), quando esquentou a treta no seio bolsonarista mais ideológico, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) admitiu que o governo se preocupava com a prisão de Weintraub no âmbito de alguma ação no Supremo Tribunal Federal e atuou para mandá-lo ao exterior ainda com passaporte diplomático de ministro, quando, por causa da pandemia, os EUA restringiam a entrada de cidadãos brasileiros em seu território.
O filho do presidente também partiu para a guerra aberta com o agora ex-aliado ao repercutir ataques de Mario Frias, secretário de Cultura, a Weintraub e seu irmão, Arthur, a quem acusou de fazer “oposição sonsa”.
Na mesma troca de mensagens, o ex-ministro também atacou (ainda na noite de quinta-feira) uma das advogadas de Bolsonaro, Karina Kufa, responsável pela malograda tentativa de criação de um partido bolsonarista, a Aliança pelo Brasil. “Foi sabotagem ou incompetência? Vai devolver o dinheiro?”, provocou Weintraub.
Veja as interações:
Trégua para o luto
Dez minutos após botar lenha na treta, Weintraub resolveu hastear uma bandeira branca em respeito à morte de Olinda Bolsonaro, mãe do presidente, que tinha 94 anos e faleceu na madrugada desta sexta, em um hospital em Registro, no interior de São Paulo.
Veja:
Apesar de estar tecendo fortes críticas à aliança do governo com os partidos do Centrão, Weintraub tem tentado poupar a pessoa do presidente (e tem sido poupado por ele). Mesmo assim, o ex-ministro cumpre agenda em cidades paulistas para tentar viabilizar sua candidatura e negocia filiação ao PTB, partido que abriga outros radicais renegados do bolsonarismo raiz.