“Tentei falar que era um erro”, diz cientista da IBM ao sair da prisão
Raoni Lázaro Barbosa ficou 23 dias preso na cadeia de Benfica, no Rio, após ter sido confundido como um miliciano de Duque de Caxias
atualizado
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Rio de Janeiro – Foi solto na tarde desta quinta-feira (9/9) o funcionário da IBM que foi preso por engano após ter sido confundido como um miliciano de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
“Todo momento, eu tentei explicar. Achei que era um sequestro, algo do tipo. Tentei falar que era um erro, mas em nenhum momento foi escutado”, disse Raoni Lázaro Barbosa, ao deixar a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, onde ficou por 23 dias.
Aos jornalistas que o aguardavam na saída da cadeia, ele disse que passou o tempo todo ansioso para saber que horas ia sair dali e afirmou ainda que os minutos finais pareciam uma “eternidade”. “Lá dentro o tempo passa devagar”, emendou.
Ciente de que esse tempo não voltará, Raoni disse que acionará a Justiça em busca de reparação. Ele diz que cumpriu a rotina como qualquer preso até conseguir provar que tem ensino superior.
“É um ambiente de tensão o tempo todo, totalmente diferente do meu dia a dia. É um estresse mental e psicológico o tempo todo, é complicado. Não desejo para o meu pior inimigo.”
Para os próximos dias, o desejo dele é matar a saudade da família e dos amigos e descansar e “esquecer essa cicatriz que não será lembrada”. Além disso, ele, que já é casado no civil, vai fazer uma festa para comemorar a união em 16 de outubro.
Prisão
Cientista de dados formado pela PUC-Rio, com especialização no MIT (Massachusetts Institute of Technology) – renomada instituição de ensino dos Estados Unidos e contratado pela multinacional IBM, Raoni Barbosa foi preso no último dia 17 por agentes da Draco (Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais).
Ele foi identificado como integrante de uma milícia responsável pela cobrança de taxas de moradores e comerciantes de Duque de Caxias. Ele teria sido confundido por foto com um homem chamado Raoni Ferreira dos Santos, também conhecido como Gago.
As próprias testemunhas que o apontaram como miliciano desfizeram o reconhecimento e a delegada responsável pelo caso solicitou à Justiça a revogação da prisão.