“Tenho crises de choro e ansiedade”, diz mulher agredida na rua por ex
Câmeras de segurança de rua flagraram quando Erica Leoratti levou socos e cabeçadas de Vladimir Leoratti Júnior, que não foi preso
atualizado
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São Paulo – A enfermeira Erica Leoratti foi agredida com socos e cabeçadas, em São Paulo, pelo então marido, Vladimir Leoratti Júnior, 43, em 14/11, e ainda lida com sequelas psicológicas da violência que sofreu.
A mulher de 44 anos está em tratamento psiquiátrico, toma medicamentos para ansiedade e faz terapia seis vezes por mês. “Eu tomo remédios para dormir, ansiolíticos, porque tenho muitas crises de choro e ansiedade. O meu emocional está bastante abalado”, contou.
Erica atua na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital. Ela chegou a trabalhar depois do ocorrido, mas acabou afastada por ter tido crises de choro e ansiedade até mesmo no serviço.
O retorno ao trabalho está previsto para ocorrer nesta sexta-feira (10/12). “Eu me sinto um pouco insegura até porque o trabalho que eu exerço é estressante”, afirmou.
Trancada em casa
A mulher relatou que vive com medo e apenas visita os familiares. “A minha rotina mudou muito depois disso tudo. Eu não saio mais, ou fico dentro de casa ou na casa de familiares, somente isso”, disse.
No entanto, até mesmo na casa dos pais, ela não se sente segura. Afirma que câmeras de segurança de uma empresa localizada no quarteirão da residência mostraram que o ex-marido chegou a rondar a vizinhança.
Apesar de todas as dificuldades, contou que quer recomeçar. “Não posso ficar presa a ele, tenho que seguir minha vida. Não vou permitir que ele me prenda de uma forma emocional, psicológica”, destacou.
Prisão negada
“Fico indignada com o Ministério Público não concordar com o pedido de prisão. Me sinto injustiçada e indignada. Para que existe a Delegacia da Mulher? A impressão que tenho é que a pessoa que faz o certo tem que ficar presa, agora quem faz o errado está livre, vive a vida normalmente como se nada tivesse acontecido”, afirmou Erica.
Apesar de a violência ter sido registrada em vídeo por câmeras de seguranças e a Polícia Militar ter sido chamada, em 14/11, o homem não foi preso em flagrante.
O Ministério Público (MP) de São Paulo também negou nessa terça-feira (7/12) o pedido de prisão preventiva de Vladimir Leoratti Júnior. O órgão denunciou o autônomo por ameaça e lesão corporal contra a mulher e manteve a medida protetiva.
Agressão leve
“O Ministério Público não concordou, porque a agressão foi leve. Então eu precisava estar desfigurada? Precisava estar internada em um hospital? Eu precisava estar de que jeito para ele ser preso?”, questionou Erica.
Rodrigo Fonseca, advogado da mulher vítima de violência doméstica, também não concorda com o fato de o agressor não ser preso. “Uma pessoa que dá tapa, chute, soco, cabeçada não oferece risco?”, disse Fonseca.
“O Ministério Público disse de que ele não apresenta risco. Ele pode não apresentar risco para as outras pessoas, mas para mim ele é perigoso. Ele é um monstro para mim, para as outras pessoas ele não é nada”, disse a vítima.
Terceira agressão
Erica relatou que já tinha sido agredida fisicamente duas vezes dentro de casa, mesmo assim não esperava naquela noite que seria violentada em frente ao prédio da amiga.
“Eu não imaginei que ele fosse fazer isso comigo, se eu imaginasse eu nem tinha aberto o portão. Ele gritava tanto que eu fiquei com vergonha das pessoas em volta, eu estava tentando me afastar para as pessoas não o verem, não o ouvirem”, contou.