Avó de menino desaparecido em Petrópolis: “Medo de não achá-lo vivo”
Pedro Henrique, de 8 anos, estava com a mãe, Rafaela, em um ônibus que caiu em um rio; desde então, não foi mais visto
atualizado
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Rio de Janeiro – Um menino de 8 anos está desaparecido desde essa terça-feira (15/2), após o temporal que atingiu Petrópolis, na região serrana do Rio. Pedro Henrique Braga voltava da escola com a mãe, quando o ônibus onde estavam caiu em um rio da Rua Washington Luiz. Até o momento, 67 pessoas morreram na tragédia.
Por volta das 16h30, já perto de casa, mãe e filho se separaram após a queda do coletivo: “A gente estava dentro do ônibus, quando começou a encher de água, até que balançou e caiu dentro do Rio. Na hora da queda, tinha um outro ônibus do lado, meu filho pulou pra cima desse outro ônibus e a correnteza me levou”, conta Rafaela Braga Pereira, 30 anos, ao Metrópoles.
“Eu quase não consegui subir na superfície, foi uma luta. Me agarrei a um galho de goiabeira e as pessoas começaram a me ajudar, jogar corda, agora o meu filho eu não sei dele. Ninguém achou. Acho que ele foi levado pela correnteza”, disse
Rafaela não teve ferimentos graves, está em casa com a família e aguarda notícias. Desde ontem, parentes e amigos buscam por informações, mas até o momento, nenhuma informação sobre o paradeiro do menino.
“Eu ajudo minha filha a criar o Pedro desde quando nasceu. Temos muito medo de não encontrar ele vivo, estou num desespero imenso, vocês não têm noção da dor que a gente está sentindo”, disse Sonia Regina Braga, 55, a avó do pequeno. “Ele ficou em cima do ônibus e desde então a gente não tem notícias se ele virou, se foi para dentro d’água, o que aconteceu.”
Pedro Henrique mora com a família no bairro de Coronel Veiga, um dos mais afetados pela chuva. Ele está no 3º ano do ensino fundamental, tem uma irmã de 13 anos e falava que queria ser jogador de futebol.
Na última segunda-feira, ele havia pedido para fazer aulas em uma escolinha de futebol, próxima à região onde desapareceu. “Estamos muito angustiados, os bombeiros levaram a mãe dele para casa e pediram para aguardar. Até agora, não foi encontrado”, diz Anallu Andrade, 24, prima da criança.
Filho busca a mãe
Fernando Coimbra, de 45 anos, está em busca da mãe, Sheila Coimbra, de 72, desaparecida desde a tarde dessa terça-feira (15/2). Ele relatou que ela saiu da casa da tia dele, por volta das 15h30, disse que à farmácia e depois pegaria um um ônibus no Relógio das Flores, no centro de Petrópolis.
“Não conseguimos mais falar com ela por celular e ela não chegou em casa”, disse Coimbra. Fernando acredita que a mãe estava em um ônibus da linha 401 que ficou preso na Rua Washington Luiz e tombou.
“Ela disse que iria pegar um bairro Mauá, um ônibus mais vazio que ela prefere. Mas, como o 401 também serve para ela, estamos deduzindo que ela pode ter pegado o primeiro ônibus que apareceu por conta da chuva”, afirmou Fernando.
Sheila é moradora do bairro Cremerie e Fernando do São Sebastião. Ele chegou a procurar a mãe pelas ruas da região, mas não teve sucesso.
Fernando relatou que a família ligou para todos os hospitais e fez um cadastro online no Instituto Médico Legal (IML) registrando o desaparecimento. A família tem esperança de encontrar Sheila com vida, mas lida com a possibilidade de que ela seja mais uma vítima da tragédia de Petrópolis.
“Queremos achá-la de alguma forma, que seja no hospital ou no IML. Estamos nessa angústia sem saber o que aconteceu. Estamos lidando com essa hipótese, porque o tempo está passando, ela não aparece e é a hipótese que está se encaixando como mais provável.’
A Secretaria de Defesa Civil informou que, entre as localidades com registros de maior gravidade, estão a 24 de Maio, Morro da Oficina, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Rua Uruguai, Rua Washington Luiz, Coronel Veiga, Vila Militar, Vila Felipe, Avenida Portugal e Rua Honorato Pereira.
O prefeito Rubens Bomtempo decretou luto oficial de três dias por conta das mortes na tragédia.