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Temer indica Ivan Monteiro para vaga deixada por Parente na Petrobras

Em pronunciamento na noite desta sexta-feira (1º/6), presidente disse ainda que não haverá alterações na política de preços da estatal

atualizado

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Marcos Oliveira/Agência Senado
ivan monteiro
1 de 1 ivan monteiro - Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O presidente Michel Temer (MDB) anunciou, na noite desta sexta-feira (1º/6), que vai indicar o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, para a presidência da estatal. Mais cedo, o executivo já havia sido selecionado pelo Conselho de Administração para assumir o cargo interinamente, após a demissão de Pedro Parente. Com a indicação presidencial, Monteiro deve se tornar o chefe da companhia de forma definitiva.

Durante o pronunciamento, o presidente afirmou ainda que o governo não vai fazer alterações na política de preços da Petrobras, medida responsável por pressionar Pedro Parente a deixar a presidência da estatal. “Não haverá qualquer interferência na política de preços da companhia”, afirmou Temer.

“Continuaremos com a política que retirou a companhia do prejuízo e a trouxe novamente para o rol das mais respeitadas no Brasil e no exterior”, continuou o presidente. Temer agradeceu ainda a “extraordinária contribuição” de Pedro Parente à frente da estatal e disse que a “recuperação da Petrobras veio para ficar”.

Para ter efeito, a indicação ainda precisa ser aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras, o mesmo que selecionou Ivan Monteiro para a presidência interina na tarde desta sexta. Pouco antes de ser indicado, o executivo se reuniu com Temer no Palácio do Planalto. No entanto, não estava presente durante o pronunciamento do presidente.

Currículo
Nascido em Manaus no ano de 1960, Monteiro é graduado em engenharia eletrônica e telecomunicações pelo Instituto Nacional de Telecomunicações, em Minas Gerais, com MBA executivo em finanças pelo Ibmec/RJ e em gestão pela PUC/RJ.

Antes da indicação à presidência da Petrobras, atuou como diretor-executivo da área financeira e de relacionamento com investidores da estatal. Foi também vice-presidente de gestão financeira e de relações com investidores do Banco do Brasil entre 2009 e 2015. No local, ocupou os cargos de gerente-executivo da diretoria internacional, superintendente comercial e gerente geral nas agências do Banco do Brasil em Portugal e em Nova York.

Ivan Monteiro é: membro do Conselho de Administração do Banco Votorantim, desde setembro de 2009; membro titular do Conselho Administrativo do BB Seguridade, desde agosto de 2013; e membro suplente do Conselho de Administração da Mapfre, desde julho de 2013.

Desgaste
Após o pedido de demissão, Parente divulgou uma carta endereçada ao presidente. Ele fez um balanço sobre os dois anos de sua gestão à frente da companhia. Segundo afirmou, entregou tudo o que foi prometido, “graças ao trabalho abnegado de um time de executivos, gerentes e o apoio de uma grande parte da força de trabalho da empresa”.

Para o ex-chefe da estatal, após a crise gerada pela greve dos caminhoneiros, novas discussões são necessárias e, por isso, sua “permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente”.

Parente sofreu grande desgaste desde a eclosão da greve dos caminhoneiros, sendo alvo de críticas dos manifestantes e de políticos da oposição e da base de apoio do governo. Segundo alegou na carta, a greve dos caminhoneiros foi o principal motivo de sua decisão.

Tenho refletido muito sobre tudo o que aconteceu. Está claro, Sr. Presidente, que novas discussões serão necessárias. E, diante deste quadro, a minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente

Pedro Parente

A principal crítica era a política de preços de combustíveis da Petrobras, com reajustes diários por conta da dolarização dos valores do petróleo.

Lula Marques/Agência PT
Michel Temer e Pedro Parente à época da posse do ex-presidente da Petrobras

 

Conforme sugestão do ex-presidente da Petrobras ao chefe do Executivo nacional, a gestão da companhia deve ser mantida “sem qualquer interferência política”. Pediu ainda a Michel Temer para se apoiar “nas regras corporativas, que tanto foram aperfeiçoadas nesses dois anos, e na contribuição do Conselho de Administração para a escolha do novo presidente da Petrobras”.

Histórico
Pedro Parente assumiu a Presidência da Petrobras em 1º de junho de 2016 – há exatos dois anos. Durante sua cerimônia de posse, o carioca, que substituía Aldemir Bendine, declarou: “Acabou a influência política na empresa”.

Ao assumir a empresa, Parente teve de lidar com uma onda de prejuízos e denúncias de corrupção descobertas pela Operação Lava Jato. Em 2014, a Petrobras acumulou prejuízos em 2014 (R$ 21,9 bilhões), 2015 (R$ 34,8 bilhões), 2016 (R$ 14,8 bilhões) e 2017 (R$ 446 milhões).

No primeiro trimestre deste ano, pela primeira vez, após o começo da Lava Jato, teve lucro – cerca de R$ 6,9 bilhões.

Confira a carta de demissão enviada por Parente ao presidente Michel Temer:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Quando Vossa Excelência me estendeu o honroso convite para ser presidente da Petrobras, conversamos longamente sobre a minha visão de como poderia trabalhar para recuperar a empresa, que passava por graves dificuldades, sem aportes de capital do Tesouro, que na ocasião se mencionava ser indispensável e da ordem de dezenas de bilhões de reais. Vossa Excelência concordou inteiramente com a minha visão e me concedeu a autonomia necessária para levar a cabo tão difícil missão.

Durante o período em que fui presidente da empresa, contei com o pleno apoio de seu Conselho. A trajetória da Petrobras nesse período foi acompanhada de perto pela imprensa, pela opinião pública, e por seus investidores e acionistas. Os resultados obtidos revelam o acerto do conjunto das medidas que adotamos, que vão muito além da política de preços.

Faço um julgamento sereno de meu desempenho, e me sinto autorizado a dizer que o que prometi, foi entregue, graças ao trabalho abnegado de um time de executivos, gerentes e o apoio de uma grande parte da força de trabalho da empresa, sempre, repito, com o decidido apoio de seu Conselho.

A Petrobras é hoje uma empresa com reputação recuperada, indicadores de segurança em linha com as melhores empresas do setor, resultados financeiros muito positivos, como demonstrado pelo último resultado divulgado, dívida em franca trajetória de redução e um planejamento estratégico que tem se mostrado capaz de fazer a empresa investir de forma responsável e duradoura, gerando empregos e riqueza para o nosso país. E isso tudo sem qualquer aporte de capital do Tesouro Nacional, conforme nossa conversa inicial. Me parece, assim, que as bases de uma trajetória virtuosa para a Petrobras estão lançadas.

A greve dos caminhoneiros e suas graves consequências para a vida do País desencadearam um intenso e por vezes emocional debate sobre as origens dessa crise e colocaram a política de preços da Petrobras sob intenso questionamento. Poucos conseguem enxergar que ela reflete choques que alcançaram a economia global, com seus efeitos no País. Movimentos na cotação do petróleo e do câmbio elevaram os preços dos derivados, magnificaram as distorções de tributação no setor e levaram o governo a buscar alternativas para a solução da greve, definindo-se pela concessão de subvenção ao consumidor de diesel.

Tenho refletido muito sobre tudo o que aconteceu. Está claro, Sr. Presidente, que novas discussões serão necessárias. E, diante deste quadro, fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente. Sempre procurei demonstrar, em minha trajetória na vida pública que, acima de tudo, meu compromisso é com o bem público. Não tenho qualquer apego a cargos ou posições e não serei um empecilho para que essas alternativas sejam discutidas.

Sendo assim, por meio desta carta, apresento meu pedido de demissão do cargo de Presidente da Petrobras, em caráter irrevogável e irretratável. Coloco-me à disposição para fazer a transição pelo período necessário para aquele que vier a me substituir.

Vossa Excelência tem sido impecável na visão de gestão profissional da Petrobras. Permita-me, Sr. Presidente, registrar a minha sugestão de que, para continuar com essa histórica contribuição para a empresa — que foi nesse período gerida sem qualquer interferência política — Vossa Excelência se apoie nas regras corporativas, que tanto foram aperfeiçoadas nesses dois anos, e na contribuição do Conselho de Administração para a escolha do novo presidente da Petrobras.

A poucos brasileiros foi dada a honra de presidir a Petrobras. Tenho plena consciência disso e sou muito grato a que, por um período de dois anos, essa honra única me tenha sido conferida por Vossa Excelência.

Quero finalmente registrar o meu agradecimento ao Conselho de Administração, meus colegas da Diretoria Executiva, minha equipe de apoio direto, os demais gestores da empresa e toda força de trabalho que fazem a Petrobras ser a grande empresa que é, orgulho de todos os brasileiros.

Respeitosamente,
Pedro Parente

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