Temer diz que apoio do PT a Baleia Rossi é “fenômeno democrático”
Ex-presidente, que foi chamado de “golpista” por integrantes do PT, disse que a proximidade do partido com o MDB não o incomoda
atualizado
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O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta segunda-feira (11/1), em entrevista à rádio Bandeirantes, que o apoio do PT ao candidato à presidência da Câmara Baleia Rossi é um “fenômeno democrático”. Baleia é presidente nacional do MDB e votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ele enfrenta resistências de alguns segmentos do PT.
“Temos de compreender isso como um fenômeno democrático. Quando eu assumi [o poder], eu via com muita naturalidade aqueles que, tendo, digamos assim, perdido o poder, em função do texto constitucional, se oporem ao meu governo. Eu não tinha nenhuma preocupação, tanto que até achava legítimo”, afirmou.
Temer foi questionado se a proximidade do MDB com o PT na disputa interna na Câmara o incomoda, dado que integrantes da sigla o acusaram de “golpista” após o impeachment.
“Não me incomoda minimamente. Ainda mais que tudo começou, digamos assim, no começo do meu governo, com o ‘Fora Temer’ e terminou com o ‘Fica Temer’. Então, para mim não tinha o menor problema. Eu até dialogava com pessoal do PT, nunca tive nenhum problema.”
O ex-presidente afastou a correlação direta entra a eleição da Câmara e as eleições gerais de 2022. “Cada eleição tem suas características próprias”, alegou.
Antes de ser vice de Dilma, Temer foi presidente da Câmara por três vezes, duas no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e uma no governo Lula (PT).
O emedebista também rechaçou a ideia de que os presidentes das Casas assumam posições pró ou contra o governo. “O presidente da Câmara não pode ser ou de oposição ou de situação. Ele tem que cumprir os deveres que a Constituição dá aos deputados”, defendeu.
Apoiado pelo Palácio do Planalto, o líder do Centrão, Artur Lira (PP-AL), é colocado como o nome do governo, enquanto o presidente nacional do MDB e líder do partido na Câmara, Baleia Rossi, se vende como candidato “independente”.
Vacina contra Covid-19
Temer afirmou que há “um bom prenúncio” para 2021, com perspectivas de vacinas contra a Covid-19 serem aplicadas no Brasil este ano. Segundo ele, a origem do imunizante não tem relevância.
“Hoje, eu percebo que há uma consciência de muita gente. Quem quer tomar vacina, não quer saber de onde vem, quer tomar vacina. E, evidentemente, quem não quer de jeito nenhum, aí é uma outra questão. Há uma certa harmonia neste momento”, avaliou.
Sem citar nominalmente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Temer disse que a politização verificada ao longo do tempo foi pacificada. Os dois disputaram protagonismo em torno do imunizante. De acordo com Temer, essa politização “não foi útil para ninguém”.
“Espero que esta politização que se verificou em um dado momento fique inteiramente superada e que a principal preocupação seja aquilo que a Constituição determina, ou seja, que a saúde é direito de todos e dever do Estado”, afirmou.