Televisor e perfume: como a polícia investigou o caso Raquel Cattani
Segundo a investigação, ex-marido de Raquel encomendou o homicídio e a cena do crime foi forjada para parecer latrocínio
atualizado
Compartilhar notícia
A investigação do assassinato da produtora rural Raquel Cattani, de 26 anos, filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL), foi concluída pela Polícia Civil de Mato Grosso nessa quarta-feira (24/7). Segundo os investigadores, rastros deixados pelos suspeitos e indícios de que a cena do crime foi arquitetada para simular um latrocínio (roubo seguido de morte) foram cruciais para a resolução do caso.
O ex-marido da vítima, Romero Xavier, e seu irmão, Rodrigo Xavier, foram presos pouco mais de uma semana após a morte. Eles devem responder por homicídio qualificado.
Raquel foi encontrada morta na manhã da última sexta (19/7), com mais de 30 ferimentos a faca. No local do crime, os investigadores perceberam que a janela do quarto dos filhos da vítima havia sido arrombada. A partir dessa evidência, foi solicitada uma perícia para a extração de impressões digitais.
Um televisor deixado propositalmente do lado de fora da casa foi outro aspecto que chamou a atenção dos investigadores. A partir desse momento, a Polícia Civil passou a trabalhar com a hipótese de que a cena foi armada para parecer um crime patrimonial.
Confissão
As suspeitas apontaram para o ex-marido de Raquel, Romero Xavier, que apresentava comportamento possessivo e não aceitava o término do relacionamento segundo as investigações.
Em desabafo feito a uma amiga, a vítima contou que recebia ameaças por não querer reatar a relação. A conversa ocorreu quatro dias antes da produtora rural ser assassinada pelo ex-cunhado.
Os investigadores descobriram ainda que Rodrigo Xavier tinha diversas passagens por furtos e outros crimes, além de um histórico de uso de drogas.
Durante uma ação policial na casa de Rodrigo, foi encontrado um frasco de perfume feminino, que teria sido levado da casa de Raquel para encenar o latrocínio.
Outros objetos pertencentes à vítima, como um aparelho de som, um cinto, um porta-celular e uma faca, também foram encontrados.
Rodrigo confessou, segundo a polícia, ter cometido o homicídio a mando do irmão e disse ter sido orientado a levar os objetos para embaraçar as investigações. A bota que utilizava no momento da prisão possuía semelhança com a pegada encontrada na televisão da casa da vítima.
Ex-companheiro já tinha sido descartado como suspeito
Romero, inicialmente descartado como suspeito principal, foi preso após a conclusão do inquérito.
Ele ajudou o irmão a fugir, deixando-o escondido perto do sítio de Raquel. Romero também tentou criar um álibi almoçando com o ex-sogro, o deputado Gilberto Cattani, e chorando na frente dos familiares da vítima no velório.
Em publicação nas redes sociais feita no domingo (21/7), o pai de Raquel chegou a defender o ex-genro sobre boatos envolvendo a participação dele no crime. O parlamentar pediu “respeito com a dor alheia”.
Na noite do crime, o ex-marido ainda foi a três boates em Tapurah para reforçar o álibi de que estava na cidade e não poderia ser o autor do crime.
Rodrigo aguardava o momento para atacar Raquel no sítio. De acordo com a polícia, ele conhecia a rotina da vítima e planejou o assassinato, que ocorreu por volta das 20 horas da quinta-feira, 18 de julho. Após o crime, a moto, o celular e a faca utilizados foram jogados em um rio da região.
“Consolo”
Após a prisão dos suspeitos, o deputado estadual de Mato Grosso Gilberto Cattani (PL) emitiu um comunicado nas redes sociais parabenizando as forças de segurança do estado pela elucidação do crime.
“Em nome da minha família parabenizo as Forças de Segurança do Estado de Mato Grosso por elucidar de forma rápida o crime contra nossa filha Raquel Maziero Cattani e por nos trazer, mesmo que neste momento difícil, um pouco de consolo”, diz a publicação, feita no instagram do deputado.