Teich defende abertura “progressiva e estruturada” do comércio
Ao contrário do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o chefe da Saúde pretende esperar amostras de exames para tomar decisões
atualizado
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O ministro da Saúde, Nelson Teich, usou as redes sociais para defender um fim do distanciamento social “progressivo, estruturado e planejado”, nesta segunda-feira (21/04).
Ao contrário do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que pretende reabrir o comércio em poucos dias e fazer o isolamento vertical (apenas idosos e portadores de doenças crônicas ficariam isolados), o novo chefe da Saúde se mostrou cauteloso com a medida. “Eu espero que essa seja a última semana dessa quarentena, dessa maneira de combater o vírus, todo mundo em casa”, disse o chefe do Executivo federal, horas antes da postagem de seu ministro da Saúde.
Ao anunciar que o governo vai dobrar o número de exames da doença, Teich informou que apenas com os resultados – que servirão como amostra da população – será possível definir se as atividades devem voltar regular, parcialmente ou se o isolamento horizontal deve ser reforçado.
“A gente está atuando em três braços que são fundamentais. Um: entender melhor a doença, fazer o diagnóstico, entender a evolução. A segunda coisa: preparar a infraestrutura para o tratamento para que, nesse tempo em que a gente está afastado, vai ser usado para melhorar, preparar para o cuidado. E o terceiro: com essa preparação, desenhar esse programa de saída progressiva, estruturada e planejada do distanciamento social”, disse o ministro, pelo Facebook.
Este foi o principal desentendimento entre Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que defendeu o isolamento social mais amplo, mesmo que a contragosto do presidente. Os dois trocaram farpas durante semanas, até que a demissão chegou na mesa do ex-comandante da Saúde.
Outro membro do alto escalão que é contra a reabertura total do comércio é o chefe da pasta da Economia, Paulo Guedes, do qual Bolsonaro costuma pedir opinião sobre assuntos financeiros. Para ele, o fim do isolamento não significa uma melhora nos cofres públicos. “Preservar os sinais vitais da economia não significa sair do isolamento agora. Significa fazer a coisa programada, fazer direito, fazer no devido tempo”, disse, no mesmo dia.
Com a demora de Bolsonaro em bater o martelo, governos estaduais se adiantaram e implantaram ordens de quarentena desde o início de março. De todos os estados, apenas oito abandonaram a ideia e já reabriram as portas do comércio.