metropoles.com

Técnicos do Ministério da Saúde temem explosão de casos e mortes por Covid-19 até fevereiro

Atraso no início da vacinação e aglomerações no fim do ano e nas férias devem elevar adoecimentos. Panorama preocupa especialistas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Rafaela Felicciano/Metrópoles
Ambulância deixa paciente com cornavirus (covid-19) no Hran
1 de 1 Ambulância deixa paciente com cornavirus (covid-19) no Hran - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A segunda quinzena de janeiro será marcada pela alta de casos e mortes por Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, resultado das comemorações de fim de ano e viagens de férias. A conclusão é de técnicos do Ministério da Saúde que monitoram a evolução da infecção no país.

Além da irresponsabilidade social de parte da população, outro fator pode elevar os adoecimentos e a letalidade: o atraso na vacinação. Mesmo em uma semana com acontecimento mais otimistas em relação à imunização, as incertezas ainda pairam sob a pasta.

Durante dois dias, o Metrópoles conversou com técnicos e servidores do Ministério da Saúde que estão trabalhando diretamente com assuntos ligados à pandemia e seus efeitos. As expectativas para as próximas semanas são tensas em ao menos quatro setores da pasta.

Dezoito dias após o início do verão, em 21 de dezembro, os especialistas temem os efeitos das festas, viagens e aglomerações. “Assistimos uma irresponsabilidade muito grande. O vírus está em circulação e aglomerar é criar uma condição favorável para a contaminação. Isso num momento que ainda não temos uma campanha de vacinação”, reclama uma fonte da Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde.

Os critérios para a avaliação são simples de compreender. Leva-se em consideração o tempo médio de aparecimento de sintomas, o agravamento do caso e a internação.

“O prazo para o aparecimento dos sintomas é, em média, de cinco dias depois do contágio. O tempo que demanda de internação é de cinco a 10 dias depois do contágio. Já a permanência em UTI é de 15 dias em média até o óbito. Com isso, é de se esperar que até o meio de janeiro tenhamos um aumento significativo no número de casos, internações e óbitos”, vaticina.

Entendimento da população

Servidora do Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, uma técnica lamenta que parte da população tenha perdido, segundo palavras dela, o entendimento que ainda se vive uma pandemia.

“As pessoas precisam voltar a acreditar que o distanciamento social salva vidas. Além disso, vemos um outro problema nascer: a resistência à vacinação. Com isso, as duas formas que temos de combater o vírus ficam enfraquecidas. Política pública de saúde sem adesão da população não funciona”, salienta.

Ela contextualiza o Brasil no cenário mundial. “A situação é muito delicada. Países que estão vacinando retomaram lockdown. Aqui, não sabemos quando teremos efetivamente a campanha de imunização, as cidades estão abrindo tudo e as pessoas nas ruas sem cuidados”, pondera.

No Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis, o temor se repete. “Ao longo deste mês, trabalhamos com a perspectiva de um novo aumento de internações e óbitos. Percebemos que quem mais se expos ao vírus nas festas de fim de ano, são jovem de 15 a 30 anos. Isso eleva o risco para as pessoas do grupo de risco que mantém contato com esses indivíduos”, explica.

A técnica continua: “Quando ocorre a transmissão para grupos de risco, como pessoas com comorbidades, eles podem adoecer e vir até a óbito. Isso vai levar alguns dias. O reflexo dessas aglomerações vamos observar mais adiante”, aponta.

A falta da vacina

Quem trabalha no Programa Nacional de Imunizações (PNI) avalia que a morosidade na imunização potencializa os problemas. “Estamos vivendo uma crise de liderança e isso impacta no comportamento das pessoas”, inicia.

O técnico emenda: “Falta bom exemplo do governo federal à autoridades locais, passando por policiais, fiscais entre outros agente públicos, que não usam máscara e desacreditam a vacina. O cidadão não se sente confortável”, conclui.

Versão oficial

O Ministério da Saúde não comentou as declarações dos técnicos. Em nota, afirmou que a portaria Nº 2.789 estabelece orientações gerais à prevenção, o controle e à mitigação da transmissão da Covid-19.

“As orientações também são voltadas à promoção da saúde física e mental da população. O objetivo é apoiar as estratégias locais para a segurança das atividades e do convívio social, respeitando as especificidades e características de cada setor ou ramo de atividade”, resume o texto.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?