TCU: relatório é análise pessoal de servidor; sindicância será aberta
Documento apontado pelo presidente Bolsonaro como sendo de autoria da Corte questiona o número de mortes por Covid-19
atualizado
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O Tribunal de Contas da União (TCU) afirmou, nesta terça-feira (8/6), que o documento apontado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como sendo da Corte, sobre questionamento do número de mortes por Covid-19, refere-se a uma “análise pessoal” de um servidor do tribunal. O órgão afirmou que vai abrir uma sindicância para apurar se houve alguma “inadequação de conduta funcional” no caso.
Segundo o TCU, o relatório “não consta de quaisquer processos oficiais desta Casa, seja como informações de suporte, relatório de auditoria ou manifestação do Tribunal”. E diz, ainda, que as questões veiculadas no referido documento não encontram respaldo em nenhuma fiscalização do TCU.
O auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques é apontado como autor do documento. Ele atua na Secretaria de Controle Externo do TCU da Saúde e mora em Jundiaí.
Informação desmentida
Essa é a segunda vez que o órgão se manifesta sobre o caso. Antes, o TCU rebateu a declaração do presidente da República de que a Corte teria um relatório questionando “50%” do número de mortes por Covid-19 em 2020.
“O TCU esclarece que não há informações em relatórios do tribunal que apontem que ‘em torno de 50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram por Covid’, conforme afirmação do Presidente Jair Bolsonaro divulgada hoje”, registrou a nota, seca, da Corte de Contas.
Mais cedo, nesta terça, o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, tinha revelado que a sindicância seria aberta.
Entenda
Em conversa com apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, na segunda-feira (7/6), o presidente da República afirmou:
“Olha, em primeira mão aqui para vocês: [o documento] não é meu, é do tal do Tribunal de Contas da União, questionando o número de óbitos, o ano passado por Covid. E ali, o relatório final não é conclusivo, mas em torno de 50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram por Covid, segundo o Tribunal de Contas da União. Não é meu, não.”
Nesta terça, ele recuou, admitiu que tinha errado, mas insistiu em atacar governadores e pedir apuração sobre essa suposta “supernotificação” de mortes.
Bolsonaro e seu entorno vêm questionando os números de Covid-19 no Brasil — compilados pelo Ministério da Saúde, a partir de dados das secretarias de saúde municipais e estaduais —, sob alegação de que os dados estariam insuflados.
Ao abordar o tema da lotação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Bolsonaro chegou a dizer que “parece que só se morre de Covid” no país.