Taxa de pobreza no Brasil cai de 38,2% para 33% em 2022, patamar pré-pandemia
De acordo com cálculo do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), 10,47 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza em 2022
atualizado
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A taxa de pobreza no Brasil caiu de 38,2% da população em 2021 para 33% em 2022. A redução representa 10,47 milhões de brasileiros saindo da linha da pobreza no último ano. Apesar da diminuição, o número de indivíduos considerados pobres no país continua alto: 70,73 milhões de pessoas.
É o que mostra relatório do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), enviado com exclusividade ao Metrópoles. O IJSN, ligado ao governo do Espírito Santo, se baseou em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última semana, para realizar o levantamento.
Também houve queda na taxa de extrema pobreza: de 9,4% da população em 2021 (20,03 milhões de pessoas) para 6,4% em 2022 (13,72 milhões de pessoas). As taxas de pobreza e extrema pobreza alcançaram o maior patamar dos últimos dez anos em 2021, em meio a pandemia da Covid-19.
O instituto utilizou, para calcular as taxas, valores definidos pelo Banco Mundial. São considerados US$ 6,85 per capita/dia (aproximadamente R$ 665,02 por mês) para a taxa de pobreza e US$ 2,15 per capita/dia (aproximadamente R$ 208,73 mensais) para a taxa de extrema pobreza, em valores de 2022.
“Esses valores foram convertidos pela Paridade de Poder de Compra (PPC/2017), que é um método alternativo à taxa de câmbio e leva em conta o valor demandado para adquirir a mesma quantidade de bens e serviços no mercado interno de cada nação em comparação com o mercado norte-americano”, explica o pesquisador Pablo Lira, presidente do instituto.
Programas de transferência de renda
Lira atribui a redução no último ano à expansão de Programas de Transferência Condicionada de Renda (PTCR), como o Auxílio Brasil do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e à melhoria no mercado de trabalho. A taxa de desemprego caiu de 13,2% em 2021 para 9,3% em 2022.
“É fato que a pobreza e extrema pobreza reduziram em 2022. Entretanto, ainda há um longo caminho para a reconstrução e reestruturação de políticas públicas de assistência social efetivas e com caráter de Estado, que perpassem governos. Nesse sentido, será possível consolidar uma tendência de diminuição desses problemas”, ressalta Pablo Lira.
Segundo o levantamento, 15 unidades da federação apresentam taxas de pobreza acima da média nacional (33%) no último ano. Os seis estados com os maiores índices são:
- Maranhão (58,9%);
- Amazonas (56,7%);
- Alagoas (56,2%);
- Paraíba (54,6%);
- Ceará (53,4%) e Pernambuco (53,2%).
Já Santa Catarina (13,9%), Distrito Federal (17,3%), Rio Grande do Sul (18,2%) e São Paulo (20,4%) apresentam as menores taxas.
Outras 14 unidades da federação têm a taxa de extrema pobreza acima da média do Brasil (6,4%). As mais elevadas estão no Maranhão (15,9%), Acre (14,7%) e Alagoas (14,1%). As menores, no Mato Grosso do Sul (2,8%), Distrito Federal (2,0%) e Santa Catarina (1,9%).