Tão absurdo que parece real: conheça as “vítimas” do Coronel Siqueira
Com o avanço das fake news, existe um novo “golpe” na praça. Personalidades e publicações já caíram: veja como se proteger
atualizado
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Como se não bastassem os brasileiros serem assombrados diariamente com golpe do PIX, golpe do cartão, golpe do crush, há um novo “golpe” na praça: o do Coronel Siqueira.
Levantamento inédito feito pela equipe do Metrópoles (contém ironia) indica que centenas de brasileiros já tiveram que ler mais de uma vez os tuítes do @direitasiqueira para esclarecer uma dúvida: isso é verdade?
QUANDO BOLSONARO ASSUMIU O GOVERNO, O BRASIL ESTAVA À BEIRA DO ABISMO. AGORA, FINALMENTE, ESTAMOS CAMINHANDO PARA FRENTE!🇧🇷
— CORONEL SIQUEIRA 🇱🇷🇮🇱🇧🇷🇦🇫 (@direitasiqueira) June 8, 2020
A pesquisa feita pela reportagem mostra que algumas pessoas – que talvez não tenham feito essa dupla leitura – caíram na armadilha e foram expostas publicamente.
Entre essas personalidades, está o jornalista Reinaldo Azevedo. Também faz parte da estatística o ex-governador do Distrito Federal, ex-ministro da Educação e ex-senador Cristovam Buarque.
As vítimas não se restringem aos perfis pessoais. Publicações já acreditaram nas irônicas verdades do Coronel Siqueira. Recentemente, o site do jornal Estado de Minas usou a sátira como personagem de uma reportagem.
Veja imagens:
Isso ocorre porque o perfil usa uma estética crível: o jeito tiozão de usar as redes sociais. Foto de um senhor, emojis (👍🇧🇷) e texto em caixa alta.
Só o estilo, porém, não seria suficiente. O “golpe” é sofisticado e se aproveita do momento em que a realidade está muito próxima do absurdo para ironizar o cenário brasileiro.
Levando em conta que 11 milhões de brasileiros afirmam que a terra é plana e que um em cada quatro brasileiros não acredita que o homem foi à Lua, fica fácil acreditar que alguém acha realmente que o ministro da Saúde não precisa entender… de saúde.
Fake news?
Ao Metrópoles, a doutoranda em democracia digital pela universidade espanhola Pompeu Fabra Maria Carolina Lopes de Oliveira explica que é normal algumas pessoas se confundirem, porque elas precisam lidar com uma grande quantidade de informações diariamente.
“Estamos vivendo também em um momento de mudança na forma de se comunicar. A sátira, a ironia, que antes víamos nos programas de TV e nas tirinhas de jornal, estão agora na internet em forma de memes e em personagens como o Coronel Siqueira. É um ambiente de desordem informacional que ainda confunde muita gente”, diz.
Apesar de confundir, porém, o perfil não pode ser considerado desinformativo, defende a pesquisadora, porque a intenção ali é satírica, “não é de manipular ou obter ganhos políticos, como seria no caso de uma fake news convencional”.
Além do Twitter
Como a zoeira nunca acaba, além de Twitter, Instagram e Facebook, o Coronel Siqueira é atuante no ramo do áudio. Recentemente, ele criou uma playlist para os telespectadores acompanharem o depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello na CPI da Covid. A lista reuniu 64 clássicos da música em enaltecimento ao silêncio.
Já diz o Isaías, o golpe tá aí, cai quem quer (ou quem não está ligado)!
MAS EU SOU SÉRIO!!!
— CORONEL SIQUEIRA 🇱🇷🇮🇱🇧🇷🇦🇫 (@direitasiqueira) August 30, 2021