Suzano: “Teatro processual”, diz advogado sobre apreensão de menor
Ele pediu a suspensão da audiência no Fórum da cidade, mas a solicitação foi negada pela juíza responsável pelo caso
atualizado
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Enviado especial a Suzano (SP) – O advogado Marcelo Feller, responsável pela defesa do menor de 17 anos suspeito de participar do planejamento da matança no Colégio Estadual Raul Brasil, criticou a apreensão do jovem na manhã desta terça-feira (19/3).
Após uma audiência de apresentação que durou mais de duas horas, Feller falou com jornalistas antes de deixar o Fórum de Suzano. “O que aconteceu aqui hoje foi um teatro processual. Não conheço nenhuma prova dos autos. Tive acesso ao pedido de busca e apreensão meia hora antes da audiência e não vi o inquérito policial”, reclamou.
Feller chegou a pedir a suspensão da audiência, o que foi negado pela juíza Erica Marcelino da Cruz, da Vara de Infância e Juventude. O menor deixou o Fórum acompanhado de policiais militares e civis e foi levado para uma unidade de internação da Fundação Casa, onde ficará apreendido provisoriamente por 45 dias.
Provas
Relatório técnico do Departamento de Inteligência da Polícia Civil apresenta ao menos 10 novas provas do envolvimento do adolescente com os outros atiradores, como mensagens trocadas e depoimentos de testemunhas. Ao todo, 31 pessoas já foram ouvidas. O menor é acusado de instigar a execução do crime.
Durante a audiência, o advogado orientou que o adolescente e a família permanecessem em silêncio. “Interrompi a oitiva da mãe dele. Eles estão dispostos a falar, mas a defesa precisa ter conhecimento dos autos”, destacou. Feller tem três dias para apresentar a defesa do jovem.
Segundo o defensor, o adolescente nega participação no crime. “A polícia fala que ele sabia o que aconteceria, mas não sabia quando. Se a pessoa sabe o que vai acontecer, sabe quem vai atirar, não avisaria quem estava praticando o que foi planejado”, disse, ao se referir à troca de mensagens entre o suspeito e o atirador Guilherme Taucci, de 17 anos.
Feller chegou a pedir que o menor ficasse apreendido em casa e monitorado com uma tornozeleira eletrônica. Contudo, o pedido foi negado, pois a apreensão dele traria “tranquilidade social” para a juíza responsável pelo caso.
Durante a audiência, a defesa teve vários pedidos indeferidos, como a entrada de médicos psiquiatras no local da internação para uma avaliação do menor, o reforço na segurança e mais prazo para apresentar a defesa. “Parece que já temos um culpado sem ter investigado”, criticou.
Participação
Segundo a polícia, o jovem teria ajudado os atiradores Guilherme Taucci Medeiros, 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, 25, a planejar o ataque que deixou oito pessoas mortas e dezenas feridas na última quarta-feira (13). Contudo, para os investigadores, o adolescente não esteve na escola onde o crime aconteceu.
Conversas trocadas entre os três, que constam no relatório técnico do Departamento de Inteligência da Polícia Civil, revelam o planejamento do trio. “Eu e o Taucci iríamos um pra cada lado com facas. Eu ia executar os namorados primeiro (os que ficam mais escondidos), e ele, o povão lá do meio do pátio”, detalhou o menor em uma mensagem.