Suspeito de matar jovem em GO fez posts nas redes sociais após o crime
“Não resisto ao charme de distúrbios e problemas psicoemocionais”, dizia umas das postagens. Rapaz de 22 anos segue preso
atualizado
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Goiânia – “Como se nada tivesse acontecido”, essa foi a definição do delegado Marcos Gomes para as publicações nas redes sociais de um dos suspeitos de participar da morte de Ariane Bárbara Laureano de Oliveira, de 18 anos, na capital goiana. As postagens foram feitas dias após o crime. Até o momento, três jovens acabaram presos e uma adolescente apreendida.
Ariane foi morta a facadas em 24/8, após ser atraída por Raíssa Nunes Borges, de 19 anos, Enzo Jacomini Carneiro Matos, que se apresenta como Freya, de 18, e Jeferson Cavalcante Rodrigues, 22. Segundo o trio, a jovem foi assassinada para testar se Raíssa era psicopata e como se comportaria após cometer o assassinato de uma pessoa. O corpo da vítima foi encontrado em uma área de mata, no Setor Jaó, cerca de sete dias após o desaparecimento.
De acordo com Marcos Gomes, responsável pelas investigações, as publicações registradas dias após o crime foram feitas por Jeferson. Porém, segundo o delegado, os três suspeitos mantiveram os posts nas redes sociais após a morte de Ariane.
“Continuaram tranquilos, postando nas redes sociais todos os dias, como se nada tivesse acontecido“, disse o delegado ao portal G1. Apesar das suspeitas de possíveis transtornos de personalidade, o delegado afirmou que só um laudo médico pode indicar o que de fato se passa com os investigados.
“Não resisto ao charme de distúrbios e problemas psicoemocionais”, diz uma das publicações do suspeito.
Lanche em shopping
De forma fria, os jovens suspeitos de terem matado Ariane teriam ido lanchar em um shopping da cidade, com roupas ainda sujas de sangue, após o cometimento do crime. A Polícia Civil de Goiás (PCGO) informou esse detalhe.
Toda a ação teria sido planejada pelos três na noite anterior à morte de Ariane, no dia 23/8. Raíssa e Freya teriam entrado em contato com a jovem, chamando-a para sair para lanchar e combinaram de pegá-la de carro no Lago das Rosas, no Setor Oeste.
Jeferson era quem conduzia o veículo. Eles tinham combinado, inclusive, que o assassinato de Ariane começaria dentro do carro. O rapaz daria o sinal de início, colocando uma música específica e estalaria os dedos para que a ação fosse iniciada.
De acordo com o delegado Marcos de Oliveira Gomes, da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), eles confessaram o crime e relataram como tudo aconteceu. Assim que Jeferson estalou os dedos, a pessoa que estava ao lado de Ariane, no banco de trás, tentou esganá-la. Ela ficou desacordada.
Nesse momento, uma das meninas, que estava no banco da frente, virou-se para trás e deu uma facada na jovem – a primeira de três que ela levou.
Mensagens
“Meus mais sinceros pêsames. Eu amo sua filha. Ela não merecia isso”, escreveu uma pessoa às 13h09 do dia 31/8. A autoria foi identificada pela cabeleireira Eliane Laureano, de 35 anos, mãe de Ariane, como sendo de uma das pessoas envolvidas na morte da filha.
Horas depois, às 16h10 do mesmo dia, foi a vez de Enzo Jacomini Carneiro Matos, que é uma jovem transexual de 18 anos que se apresenta como Freya. Ela escreveu: “Oi, desculpe incomodar a senhora, Eliane. Como você está?”.
O corpo de Ariane havia sido encontrado no final da tarde do dia 30/8, uma semana depois de ela ter saído de casa, em 24/8, dizendo para a mãe que se encontraria com as amigas para lanchar, no Setor Jaó.
“Mainha, volto ainda hoje, tá?”, escreveu a jovem, às 19h49, de 24 de agosto. Ela foi dada como desaparecida até o dia em que o corpo foi encontrado, em estágio avançado de decomposição. Ariane foi morta enforcada e a facadas.
Mãe de Ariane viu Freya um dia depois
Ariane costumava frequentar uma pista de skate no Setor Coimbra, em Goiânia. Era lá, inclusive, onde ela encontrava Freya e os amigos. Elas andavam juntas, segundo Eliane.
Desesperada e sem notícias da filha, um dia após o sumiço, a mãe da jovem foi até o local para conversar com conhecidos e espalhar cartazes com a foto de Ariane.
“Vi o Enzo (Freya) lá, que é a menina trans. Cheguei até ela na quarta e perguntei sobre a Ariane. Fiz cartazes e já desconfiava que algo de ruim pudesse ter acontecido. Ela respondeu ‘não sei’, e saiu de perto de mim, na maior frieza. Como eu estava atordoada, não prestei muita atenção”, relata Eliane.
Segundo Eliane, a filha costumava fazer chamadas de vídeo quando estava na pista de skate e Freya aparecia, às vezes, ao lado dela.
“Ela me viu lá, me viu colocando os cartazes, e não disse nada. O pessoal do IML me ligou por volta das 9h do dia 31/8 e, horas depois, ela me mandou mensagens expressando os sentimentos”, indigna-se a mãe.