Suspeito de crimes sexuais contra fieis, pastor morre de Covid em GO
Joaquim Gonçalves Silva, da Igreja Tabernáculo da Fé, morreu após uma parada cardíaca; o religioso sempre negou as acusações dos abusos
atualizado
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Goiânia – Acusado de crimes sexuais, o pastor evangélico da igreja Tabernáculo da Fé, Joaquim Gonçalves Silva, de 85 anos, morreu na madrugada desta segunda-feira (2/8), na capital goiana, em decorrência da Covid-19. Ele não resistiu a uma parada cardíaca. A informação foi confirmada pela secretaria da congregação.
O pastor estava internado desde o último 23 de julho, quando testou positivo para o coronavírus, dias após dar entrada no hospital. Segundo a congregação, Joaquim ficou em tratamento durante dez dias, no entanto, com o agravamento do caso, ele teve evolução para problemas cardíacos.
Duas semanas antes da internação, o pastor participou de um culto na igreja que comandava. Na ocasião, no dia 11 de julho, membros da congregação e fieis apresentaram informações sobre as denúncias de crimes sexuais e defenderam a história do religioso.
A cerimônia foi transmitida pelo site da igreja. As imagens apontam que os fieis não respeitaram o distanciamento social durante o culto e provocaram aglomeração. Também por meio do vídeo, é possível notar que a maioria da pessoas usa máscaras de proteção contra Covid-19.
Abusos sexuais
De acordo com as mulheres que fizeram as denúncias contra o pastor, os abusos aconteceram entre 2002 e 2021, sempre em momentos de fragilidade, como por exemplo, quando elas pediam conselhos ao homem. Segundo as vítimas, além do crime sexual, Joaquim as chantageava para que não contassem a ninguém ou seriam “amaldiçoadas”.
Na denúncia mais recente, uma adolescente de 17 anos afirmou, por meio das redes sociais, que, em janeiro deste ano, o pastor a teria beijado, quando ela esteve em seu escritório para pedir ajuda sobre o casamento que passava por uma turbulência.
“Fui pedir conselhos depois de ter problemas no meu relacionamento. Foi quando ele colocou a mão no meu corpo e me deu um beijo. Passou a mão pelos meus seios e desceu até embaixo, quando eu o interrompi. Eu fiquei em choque, nunca na vida eu esperei isso dele”, disse a jovem no vídeo.
Segundo informações do portal G1, a jovem foi encorajada a denunciar o pastor. Ela registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Goiânia, no dia 26 de março deste ano.
Mais vítimas
Entre os meses de janeiro e abril de 2021, foram registrados, pelo menos, outros três casos na Polícia Civil, na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) contra o religioso. Um deles teria ocorrido em 2018, contra uma mulher que, atualmente, tem 40 aos.
A primeira denúncia contra o pastor evangélico foi registrado por uma mulher de 46 anos. Segundo ela, foi abusada diversas vezes, entre os anos de 2002 e 2006. Ao G1, ela contou que ficou em silêncio por meio de ser prejudicada, bem como a família.
“Eu fazia trabalhos voluntários na igreja e amava, porque aquela era minha missão. No começa, ele dizia que, se eu contasse para alguém iria me tirar da igreja, do trabalho. Depois, quando contei para minha família, ele mandou um aviso, pelo meu irmão, que alguém iria machucar eu, meu marido e meu filho, caso eu o denunciasse”, relatou.
Sigilo
O processo corre em segredo de Justiça. Segundo o advogado que representa o pastor, Osemar Nazareno Ribeiro, todas as acusações são inverídicas e acredita no arquivamento da investigação.