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Suspeitas, megaigreja e maior sino mundial: entenda caso Padre Robson

Padre deixou Goiás e se transferiu para SP, após enfrentar acusações na Justiça e capitanear obra “faraônica” que ainda não foi concluída

atualizado

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Arquivo/Afipe
Padre Robson de Oliveira
1 de 1 Padre Robson de Oliveira - Foto: Arquivo/Afipe

Há exato um ano, o padre Robson de Oliveira retomou as celebrações na igreja católica, após enfrentar uma série de acusações e suspeitas na Justiça em Goiás. Ele se transferiu para Mogi das Cruzes, no interior paulista, onde segue em atividade e tenta se desvencilhar do passado recente.

O padre ficou nacionalmente conhecido pelo período em que esteve à frente da Basílica de Trindade, da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) e da Festa do Divino Pai Eterno, uma das maiores festividades religiosas do Brasil, que reúne em torno de 3 milhões de pessoas todos os anos.

A magnitude e o poder do que estava sob tutela do padre influenciaram, diretamente, na dimensão dos projetos e dos montantes doados por fiéis. A Operação Vendilhões, deflagrada em 2020 pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), descobriu que as associações de Robson arrecadavam cerca de R$ 20 milhões por mês.

O carro-chefe da presença dele em Goiás e que atraiu doações do Brasil inteiro foi o lançamento da obra do novo Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), uma construção avaliada hoje em mais de R$ 1,4 bilhão e que segue sem previsão de término.

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Padre Robson de Oliveira, então reitor da Basílica de Trindade (GO), lançou a pedra fundamental da obra em 2011, durante a romaria daquele ano
Padre Robson foi presidente da Afipe até 2020, quando foi deflagrada a Operação Vendilhões e veio à tona a suspeita de desvio de dinheiro doado por fiéis
Maquete eletrônica do projeto do novo Santuário do Divino Pai Eterno, cuja obra se arrasta há 12 anos
Previsão era de que obra fosse concluída até 2022. Hoje, a Afipe já não trabalha com prazo específico de conclusão
Projeto está orçado, atualmente, em torno de R$ 1,4 bilhão. Valor divulgado no início da obra foi de R$ 100 milhões
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Padre Robson de Oliveira atua, agora, em São Paulo. Ele deixou Goiás, após escândalo

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Padre Robson de Oliveira, então reitor da Basílica de Trindade (GO), lançou a pedra fundamental da obra em 2011, durante a romaria daquele ano

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Padre Robson foi presidente da Afipe até 2020, quando foi deflagrada a Operação Vendilhões e veio à tona a suspeita de desvio de dinheiro doado por fiéis

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Maquete eletrônica do projeto do novo Santuário do Divino Pai Eterno, cuja obra se arrasta há 12 anos

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Previsão era de que obra fosse concluída até 2022. Hoje, a Afipe já não trabalha com prazo específico de conclusão

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Projeto está orçado, atualmente, em torno de R$ 1,4 bilhão. Valor divulgado no início da obra foi de R$ 100 milhões

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Obra do novo santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), foi iniciada em abril de 2012

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Visita em 2012 ao canteiro de obras do novo santuário, em Trindade (GO), junto do então governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) e do prefeito da cidade Jânio Darrot (PSDB)

Lailson Damásio
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Padre Robson de Oliveira Pereira, na Basílica de Trindade, em Goiás

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Padre era o reitor da Basílica do Pai Eterno, em Trindade (GO)

Afipe

Projeto megalomaníaco

A obra foi iniciada em 2012 e foi orçada, inicialmente, em R$ 100 milhões. O novo santuário foi projetado para se tornar uma das maiores igrejas do mundo e, ao mesmo tempo, corresponder à intenção de padre Robson de se tornar cada vez mais reconhecido no Brasil.

O projeto prevê um templo em formato de cruz, com 62 metros de altura e capacidade para acomodar 8 mil pessoas sentadas. Além disso, contará com um estacionamento para até 30 mil veículos menores, 4 mil ônibus e o chamado “maior sino do mundo”, fabricado na Polônia e que custou quase R$ 18 milhões. A obra toda é feita em um complexo de 150 mil metros quadrados.

Até 2021, meses após a Operação Vendilhões e nove anos após o início da construção, apenas 17% do projeto havia sido concluído. Diante do montante arrecadado todos os meses e do avanço tímido, não demorou para surgirem suspeitas.

Padre Robson foi acusado de desviar o dinheiro doado pelos fiéis e utilizá-lo para comprar casas, fazendas, gado e até um avião. O processo, no entanto, foi arquivado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 2022, após uma queda de braço que durou quase dois anos entre a defesa dele e os promotores do MPGO.

Durante a tramitação do processo, o padre se afastou das atividades e da presidência da Afipe. Com a inocência retomada, ele se sentiu livre para retornar às celebrações no ano passado, mas em outro estado: na Igreja de Nossa Senhora Aparecida e São Roque, em Mogi das Cruzes (SP).

“Maior sino do mundo”

A Afipe, antiga associação presidida por Robson, adotou uma nova postura, após o escândalo. Para manter a continuidade da obra e restabelecer o engajamento dos fiéis nas doações, a figura do padre foi totalmente desvinculada e medidas de transparência foram implantadas.

Apesar disso, a obra segue sem previsão de término, assim como a chegada do “maior sino do mundo”, comprado e concluído quando padre Robson ainda estava à frente da associação. O “Vox Patris” (A Voz do Pai) foi feito na Polônia e deverá ser transportado de navio até o Brasil.

Durante a Operação Vendilhões, o sino de 55 toneladas, 4 metros de altura e 4,5 metros de diâmetro também foi alvo de suspeita de superfaturamento. Inicialmente, a Afipe informou que o objeto havia custado em torno de R$ 6 milhões. A investigação do Ministério Público descobriu um valor três vezes maior: quase R$ 18 milhões.

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Maior sino do mundo está pronto para ser instalado no novo santuário, cuja obra se arrasta há anos
Encontro do padre Marco Aurélio, de Trindade, com representantes do governo federal em março deste ano
Obra do novo Santuário do Divino Pai Eterno começou em 2012, mas até 2021 havia avançado apenas 17%
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Foto divulgada pela Afipe, anos atrás, mostra o maior sino suspenso do mundo, produzido na Polônia e que será instalado na nova igreja em Trindade

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Maior sino do mundo está pronto para ser instalado no novo santuário, cuja obra se arrasta há anos

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Encontro do padre Marco Aurélio, de Trindade, com representantes do governo federal em março deste ano

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Obra do novo Santuário do Divino Pai Eterno começou em 2012, mas até 2021 havia avançado apenas 17%

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Em março deste ano, o novo reitor da Basílica de Trindade e presidente da Afipe, padre Marco Aurélio Martins da Silva, recorreu ao governo federal para tentar trazer o objeto ao Brasil. Ele esteve com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

O sino maior e outros quatro menores estão prontos na Polônia, desde 2018. Até o momento, no entanto, segundo a Afipe, não há previsão de quando eles serão trazidos. A Associação informa que segue tentando viabilizar a logística do transporte.

Padre Robson criou nova associação em São Paulo

Enquanto isso, padre Robson de Oliveira continua o processo de retomada, após o arquivamento do processo contra ele. O pároco criou, inclusive, uma nova associação em São Paulo para receber doações, nos mesmos moldes da Afipe.

O padre, agora, é fundador e presidente da Associação Obra de Cristo, cujo site informa que ela foi feita “para levar a Palavra, o amor e os ensinamentos de Jesus aos cristãos. Esse trabalho é feito por meio de cartas evangelizadoras e pelos meios de comunicação”.

Na home do site, consta a aba “doações”. Ao clicar nela, a pessoa é levada para uma página onde aparece a mensagem “escolha o valor”. As opções são: R$ 10, R$ 20, R$ 40, R$ 60 e “outro valor”. “Não há um valor fixo mínimo ou máximo para as doações. Você pode contribuir com qualquer quantia”, informa.

Em outra seção, é dito que após a doação, a pessoa recebe um recibo de confirmação e que a Associação Obra de Cristo “oferece transparência e presta contas” sobre o uso do dinheiro em seus projetos. Tais ações, no entanto, não são especificadas no site.

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