Superquarta dos juros deve trazer alta no Brasil e queda nos EUA
A superquarta ocorre quando coincidem as decisões sobre as taxas de juros no Brasil, pelo Banco Central (BC), e nos Estados Unidos, pelo Fed
atualizado
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O próximo dia 18 de setembro é marcado pela “superquarta”, termo usado no mercado financeiro para quando coincidem as divulgações sobre as taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos. Tanto o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), quanto o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), do Federal Reserve (Fed, o BC americano), anunciam na próxima quarta o resultado de suas reuniões, ambas iniciadas na véspera.
Apesar da coincidência da data, as decisões deverão ir em direções contrárias, com o Banco Central brasileiro elevando a taxa de juros brasileira e o dos EUA iniciando o tão aguardado ciclo de corte de juros americanos.
No Brasil, o mercado estima que o Copom elevará a taxa básica de juros, a Selic. A dúvida é se a alta será de 0,25 ponto percentual ou 0,50 ponto percentual, com a taxa de juros ficando, respectivamente, em 10,75% ou 11% ao ano.
A probabilidade de um ajuste mais agressivo cresceu nas últimas semanas, e já se espera uma alta acumulada que leve a Selic a 11,25% ao ano, até o final de 2024. Esse cenário se justifica pelo câmbio ainda desvalorizado e pelas expectativas de inflação para o ano que, embora tenham melhorado, seguem altas. Além disso, prosseguem as dúvidas sobre o equilíbrio fiscal e a capacidade do governo de entregar um déficit zero tanto neste ano quanto no próximo.
Atualmente a taxa Selic está em 10,50% ao ano, após o BC decidir manter, pela segunda vez seguida, o valor na última reunião do comitê, realizada em 31 de julho. Depois desta reunião do Copom de setembro, só haverá mais duas, nas seguintes datas:
- 5 e 6 de novembro
- 10 e 11 de dezembro
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. O nome Selic é a abreviação de Sistema Especial de Liquidação e Custódia, que é o sistema utilizado pelo Banco Central para registrar as operações de compra e venda de títulos públicos federais entre os participantes do mercado financeiro. Ela serve de referência para as demais taxas da economia e influencia diretamente o custo do crédito, os investimentos financeiros, a inflação e o controle da oferta de moeda na economia.
Quando o Copom aumenta os juros, o objetivo é conter a inflação, o que se reflete nos preços, reduzindo o consumo e os investimentos. Isso porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.
Ao reduzir a Selic, a tendência é a de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção, ao consumo e aos investimentos, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
O que fará o BC dos Estados Unidos
Antes de o Copom anunciar a taxa básica de juros da economia brasileira, por volta das 18h30 desta “superquarta”, o Federal Reserve divulgará a decisão tomada pelo Fomc sobre os juros nos EUA, às 15h (horário de Brasília). Na terra do Tio Sam, o mercado está na expectativa de um corte de 0,25 p.p ou 0,50 p.p. na próxima reunião do Fomc.
Os juros americanos estão atualmente na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. Se o corte for de 0,25 p.p., como é esperado pela maior parte do mercado, eles ficarão em um patamar entre 4,50% e 4,75%.
Europa cortou juros pela 2ª vez no ano
Na semana passada, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu, pela segunda vez no ano de 2024, os juros na zona do euro, com um corte de 0,25 ponto percentual. Com isso, a taxa passou de 3,75% para 3,50% ao ano.
A medida, que era amplamente esperada pelo mercado, mantém o ciclo de afrouxamento monetário iniciado em junho deste ano. De acordo com o BCE, ela foi resultado das condições inflacionárias e econômicas, ambas em queda na região.
O ciclo de redução dos juros na zona do euro começou em junho deste ano, também com um corte de 0,25 ponto percentual. Na ocasião, a taxa vinha sendo mantida por cinco anos no patamar de 4% ao ano.
Em relação às condições econômicas, o BCE avalia que a atividade está moderada, refletindo um consumo privado e investimentos fracos. As projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro foram levemente reduzidas em relação a junho.
Para 2024, as estimativas para a economia europeia passaram de 0,9% para 0,8%. No caso de 2025, a alteração foi de 1,4% para 1,3% e, para 2026, de 1,6% para 1,5%.
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