Sudene é disputada por ex-aliados pernambucanos e baiano do União
União Brasil entra na briga pela autarquia, em meio a novo embate entre pernambucanos Humberto Costa e Marília Arraes, ex-PT
atualizado
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A disputa em torno do comando da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) põe em lados opostos dois pernambucanos que já foram colegas de partido: a ex-deputada federal Marília Arraes (SD-PE) e o senador Humberto Costa (PT-PE) travam um embate para ver quem emplaca o novo superintendente da autarquia. No entanto, eles não estão sozinhos: o União Brasil chega com apetite na briga, tendo à frente o deputado federal Elmar Nascimento (BA).
São várias as razões que explicam a cobiça em relação à Sudene. Integrante do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, a autarquia tem orçamento previsto em R$ 34,6 bilhões para 2023. Esse montante pode ser investido em toda a Região N0rdeste, através do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), o que significa visibilidade e dividendos políticos.
Não coincidentemente, Bahia e Pernambuco, estão entre os três estados com maior previsão de aplicação do FNE em 2023. Os baianos contarão com R$ 8,1 bilhões, enquanto os pernambucanos têm R$ 4,7 bilhões previstos. O Ceará tem R$ 5 bilhões.
Ex-deputada e candidata derrotada ao governo de Pernambuco em 2022, Marília Arraes é o nome colocado por Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, para o cargo. Ele, que apoiou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno da eleição presidencial, foi preterido na divisão dos ministérios entre a base aliada petista. Nesse sentido, Paulinho, alegam aliados, foi o primeiro a manifestar interesse em indicar a correligionária na Sudene.
Enquanto isso, Humberto Costa tenta emplacar na Sudene Diego Pessoa, que foi seu assessor parlamentar no Senado e hoje trabalha no Consórcio Nordeste.
O movimento visa colocar o PT novamente na autarquia, mas também acaba por manter Marília Arraes fora do jogo político. A ex-petista, sem cargo eletivo após o início da nova legislatura na Câmara, pode disputar em 2024 a Prefeitura do Recife, mas diz a aliados não descartar uma composição entre as forças de esquerda.
O embate entre Humberto e Marília, em tempo, foi um dos motivos para a saída da ex-deputada do PT. Sua candidatura ao governo de Pernambuco não foi oficializada pelo partido em nome de um acordo com o PSB, que lançou o deputado federal Danilo Cabral. Humberto e Marília disputavam o protagonismo petista no estado.
A rixa entre os ex-correligionários, porém, pode não adiantar muito. Isso porque Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara, corre por fora para conseguir o comando da Sudene, embora não tenha apresentado um nome.
União Brasil é uma legenda fragmentada com relação à base de apoio ao governo Lula. Mesmo com três ministérios e negociações para superintendências da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), o partido pede o comando da Sudene em nome de garantir a unidade da legenda na base governista.
Com 59 deputados, o União Brasil tem a terceira maior base da Câmara e a quarta no Senado, onde tem nove parlamentares. O partido é comandado por Luciano Bivar, mas há outros caciques buscando espaços par garantir permanência na base governista, a exemplo do próprio Elmar Nascimento e o senador Davi Alcolumbre, ambos egressos do DEM.
Bastidores podem envolver Banco do Nordeste
Nos bastidores, enxerga-se que a disputa está acirrada. Pesa para Marília Arraes a sua campanha para Lula em Pernambuco, mas, principalmente, a presumida “necessidade” de prestigiar Paulinho da Força. O presidente do Solidariedade viu o número de deputados eleitos pela legenda cair de 13 para apenas 4 após garantir apoio ao petista já no primeiro turno.
Para Humberto, pesa sua proximidade com Lula. Mas a a chamada cota pessoal do presidente já vem dando dor de cabeça com a possível indicação do ex-governador de Pernambuco Paulo Câmara para o Banco do Nordeste.
Câmara deixou o PSB e, com a possível mudança na Lei das Estatais, poderia assumir a entidade. Isso iria poderia contrariar, dizem aliados do ex-governador, os cearenses Zé Guimarães , líder do PT na Câmara, e o ministro da Educação, Camilo Santana, cuja indicação para o banco estaria entre Silvana Parente, Zilana Ribeiro e Cibele Gaspar.