Sucuris acasaladas, caçando e de barriga cheia: veja 5 imagens impressionantes feitas por especialista
Biólogo Daniel de Granville se dedica ao registro de sucuris na região de Bonito (MS) há cerca de 15 anos e tem registros impressionantes
atualizado
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É por meio das redes sociais que o biólogo e fotógrafo Daniel de Granville, de 52 anos, tem compartilhado cliques impressionantes de animais. Especialista em sucuris, o profissional morou por quase 30 anos na região de Bonito (MS), onde fez os principais registros de sua carreira.
Atualmente morando em Florianópolis (SC), Granville falou ao Metrópoles sobre seu trabalho. A pedido da reportagem, ele listou as cinco fotos mais impressionantes que já fez, mostrando as cobras gigantes que tanto chamam a atenção dos brasileiros.
Veja as imagens:
Agora confira, abaixo, o relato que o próprio especialista faz das circunstâncias de cada uma das imagens.
Foto mais famosa
“Esta é provavelmente a foto mais famosa de toda a minha carreira, pelo fato de ter viralizado e sido publicada centenas ou milhares de vezes mundo afora. Foi feita em 2010, durante expedição que organizei e guiei para o fotógrafo subaquático suíço Franco Banfi, que aparece mergulhando com uma enorme fêmea no Banhado do Rio Formoso em Bonito.”
Caçada
“Esta foto foi feita em 2005, durante um dia de semana onde eu estava trabalhando no meu escritório. O pessoal da Pousada Olho d’Água me ligou avisando que tinha uma sucuri caçando uma marreca-cabocla na mata nos fundos da propriedade. Por sorte, deu tempo de eu ir até em casa buscar minha câmera e seguir até o local para registrar a cena”.
Bolo de sucuris
“Este é um registro bastante raro de um bolo reprodutivo de sucuris, mostrando a grande diferença de tamanho entre as fêmeas – muito maiores – e os machos. No sistema reprodutivo destas serpentes, uma única fêmea acasala com vários machos e passam algumas semanas neste processo. A imagem foi feita em 2015 às margens do Rio Formoso, em Bonito”.
Encontro raro
“Até onde sei, este é o único registro existente do encontro debaixo d´água entre uma sucuri e uma ariranha, dois dos principais predadores nos rios da Serra da Bodoquena (MS). Fiz a foto em 2015 na RPPN do Recanto Ecológico Rio da Prata, em Jardim (MS), com ajuda dos colegas guias de turismo, que sempre me dão a dica quando encontram alguma cena interessante para fotografar”.
Refeição farta
“Mais uma imagem que ficou conhecida mundialmente, mostrando uma fêmea de sucuri no Banhado do Rio Formoso após ter feito sua refeição, provavelmente uma capivara ou um jacaré. Na foto aparece o fotógrafo norte-americano Eli Martinez, durante nossa expedição em 2021. Se reparar com bastante atenção, é possível ver a cabeça da sucuri por entre a vegetação, no canto superior esquerdo da foto”.
Dedicação às sucuris
Em entrevista ao Metrópoles, em 2022, Granville relatou que seu contato com as sucuris se intensificou há cerca de 15 anos, entre 2007 e 2008. Ele contou que se mudou do interior de São Paulo para Bonito (MS), onde passou a trabalhar como guia turístico e depois se especializou na fotografia.
“Comecei a ter procura de fotógrafos estrangeiros que queriam registrar as cobras embaixo d’água. A região de Bonito é a única do planeta onde isso é possível, pela presença natural de sucuris e rios de águas extremamente cristalinas. Existem sucuris grandes em outras partes do país também, na Amazônia, por exemplo, mas geralmente a água é bem turva”, explica.
Cenas raras
Ao portal, o fotógrafo contou que, ao longo de todos esses anos, presenciou cenas raras com as cobras gigantes. “O processo de acasalamento delas é bem diferente e lá em Bonito ocorre nos meses de inverno, quando o clima está mais seco. As fêmeas ficam mais expostas. Elas são maiores tanto de comprimento quanto de largura e, em casos extremos, podem pesar até 40 vezes o peso do macho. Uma fêmea copula com vários machos, o que a gente chama de bolo de sucuri”, analisa.
“Durante toda gestação, que dura 6 ou 7 meses, a fêmea não se alimenta, porque precisa deixar o espaço livre para o crescimento dos filhotes. A sucuri não bota ovo, os filhotes já nascem vivos. Então essa última refeição é antes de entrar em gestação e, às vezes, é um desses machos. Ela mata e se alimenta. Já encontrei uma situação dessa embaixo d’água, uma fêmea que estava com o corpo submerso e a cabeça de fora com um macho enrolado. Tudo indica que pode ter sido isso”, detalhou Granville.
O fotógrafo reforça ainda que a temporada das sucuris dura relativamente pouco, de julho a outubro. Depois disso, elas entram em gestação e “desaparecem” até parirem os filhotes.