Subprocurador compara caso de joias de Bolsonaro com filmes de Tarantino
Subprocurador Lucas Furtado assina recurso que pede que Bolsonaro devolva as joias ganhadas na Arábia Saudita em até cinco dias
atualizado
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O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) recorreu de decisão do ministro Augusto Nardes e pediu, nesta sexta-feira (10/3), que Jair Bolsonaro (PL) devolva, em até cinco dias, as joias dadas ao ex-presidente pela Arábia Saudita e incorporadas ao acervo pessoal.
O subprocurador-geral junto ao TCU, Lucas Furtado, que assina a decisão, afirmou que, ao se deparar com os “mirabolantes desdobramentos” da história, tem a impressão de que está “imerso em um filme de Quentin Tarantino“.
“Os filmes desse consagrado diretor se caracterizam por contarem histórias com roteiros não lineares, com uso abundante de armas nas cenas cheias de reviravoltas e com a trama dividida em capítulos e que, em sua maioria, abordam aventuras de personagens que trilham caminhos à margem da lei, envolvendo tipos mafiosos, contrabandistas de joias, assaltantes de joalherias”, escreveu Furtado.
Ele também cita filmes como Pulp Fiction, Jackie Brown e Cães de Aluguel, todos de Tarantino. “Ressalto que não estou aqui dizendo que os gestores públicos envolvidos nos fatos sob investigação nos processos em epígrafe tenham uma atuação no mundo real igual a dos personagens de Tarantino. Estou apenas ressaltando a semelhança entre os filmes do diretor e a história das joias e presentes supostamente ofertados pela Arábia Saudita à família Bolsonaro do estrito ponto de vista dos elementos estilísticos contidos nesses filmes, tais como a presença recorrente, nas tramas, de objetos tais como joias e armas e a sucessão de fatos novos, como ocorre nos ‘capítulos’ em que Tarantino estrutura seus filmes”, prossegue.
Por fim, o subprocurador cita o caso revelado pela coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, que descobriu que Jair Bolsonaro (PL) voltou ao Brasil de uma viagem à Arábia Saudita com uma pistola e um fuzil, este último customizado com seu nome.
A decisão desta sexta estipula que, caso Bolsonaro não devolva as joias dentro do prazo estipulado, ele terá o salário de ex-presidente bloqueado. A remuneração é de R$ 30.934,70 (R$ 23.453,43 líquidos).
“Caso não sejam entregues nesse prazo, seja adotada medida cautelar com natureza de astreinte, no intuito de que o demandado seja compelido a cumprir a obrigação de fazer, consistente na retenção da remuneração a que faz jus o Sr. Jair Messias Bolsonaro, a título de ex-presidente da República”, destaca o documento.