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STJ rejeita novo recurso do MPGO contra padre Robson de Oliveira

Pedido de embargos de declaração feito pelo MPGO tinha como objetivo modificar o curso do processo contra padre Robson de Oliveira

atualizado

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Divulgação/ Afipe
Fotografia colorida. Padre Robson aparece orando com os braços levantados para cima e os olhos fechados
1 de 1 Fotografia colorida. Padre Robson aparece orando com os braços levantados para cima e os olhos fechados - Foto: Divulgação/ Afipe

Goiânia – A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou, nesta terça-feira (15/3), embargos de declaração do Ministério Público de Goiás (MPGO), que tinham como objetivo modificar o curso do processo contra o padre Robson de Oliveira, recentemente investigado por supostos desvios de dinheiro proveniente da doação de fiéis. O relator do pedido era o ministro Olindo Menezes.

Durante o julgamento, no início desta tarde, Olindo Menezes recusou o argumento da promotoria goiana de que existe omissão no acórdão proferido pelo STJ, que determinou o arquivamento da ação.

“Julgar é uma operação fática e jurídica que se pauta pela praticidade e utilidade. Não deve se extinguir por segmentos inúteis, em face do pedido e sobretudo da causa de pedir”, disse o relator. “Não é necessário o julgador enfrentar todos os precedentes apresentados pelo recorrente. Ainda mais quando o que se verifica é a inadmissibilidade recursal”.

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Padre Robson se envolveu em investigação sobre dinheiro doado por fiéis à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe).
O padre sempre negou irregularidades no comando da entidade
Entre os bens luxuosos que seriam bancados com dinheiro de fiéis estariam uma fazenda no valor de R$ 6,3 milhões, em Abadiânia, e uma casa na praia de Guarajuba (BA), que custou R$ 3 milhões
Padre Robson de Oliveira Pereira, na Basílica de Trindade, em Goiás
Aparição mais recente de padre Robson de Oliveira. Ele participou em fevereiro de uma assembleia on-line da Província Redentorista de Goiás
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No entanto, em áudio, ele chegou a admitir que participava de esquema para burlar contratos e sabia do risco de ser preso pela polícia. “Sou o chefe da quadrilha”, diz ele, em um trecho

Reprodução/Facebook
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Padre Robson se envolveu em investigação sobre dinheiro doado por fiéis à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe).

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O padre sempre negou irregularidades no comando da entidade

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Entre os bens luxuosos que seriam bancados com dinheiro de fiéis estariam uma fazenda no valor de R$ 6,3 milhões, em Abadiânia, e uma casa na praia de Guarajuba (BA), que custou R$ 3 milhões

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Padre Robson de Oliveira Pereira, na Basílica de Trindade, em Goiás

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Aparição mais recente de padre Robson de Oliveira. Ele participou em fevereiro de uma assembleia on-line da Província Redentorista de Goiás

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O padre foi apontado como suspeito de apropriação indébita, falsificação de documentos, associação criminosa, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro

Reprodução/Instagram Pessoal
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Visita em 2012 ao canteiro de obras do novo santuário, em Trindade (GO), junto do então governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) e do prefeito da cidade Jânio Darrot (PSDB)

Lailson Damásio
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Padre Robson foi presidente da Afipe até 2020, quando foi deflagrada a Operação Vendilhões e veio à tona a suspeita de desvio de dinheiro doado por fiéis

Reprodução/Afipe
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O padre entrou para o seminário aos 14 anos e se tornou sacerdote aos 24. Estudou na Irlanda e em Roma. Ao voltar ao Brasil, virou reitor da Basílica do Divino Pai Eterno

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Padre Robson estava afastado das celebrações e proibido de se manifestar, mas retomou atividades em agosto de 2023

Arquivo/Afipe
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Padre Robson, figura da Igreja Católica conhecida em Goiás e que agora atua em São Paulo

Danilo Eduardo/Afipe
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Antes de ser investigado pelo Ministério Público de Goiás por suspeita de desvio de R$ 120 milhões, padre Robson tinha fama e prestígio

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Um dos advogados do caso, Cleber Lopes, confirmou a decisão ao Metrópoles. Segundo ele, a nova decisão não afeta em nada o processo. “O processo já havia sido julgado e o STJ decidiu que o MPGO desistiu do recurso que havia feito contra o acórdão que havia trancado a investigação. Assim, o STJ disse que o Ministério Público não poderia desistir da desistência. Com isso, continua trancada a investigação contra o padre Rosbson”, declarou.

Com isso, fica mantida a decisão do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) de trancar a ação por “ausência do crime”, prolatada pela 1ª Turma da Câmara Criminal da Corte no dia 6 outubro de 2020. Segundo os desembargadores, não há crime na conduta da entidade, e as provas apresentadas não eram novas.

O MPGO deve entrar com novo recurso a respeito da nova decisão.

Arquivamento

Robson de Oliveira Pereira, de 47 anos, encerrou o ano de 2021 com a notícia de arquivamento das investigações feitas pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO). A decisão, primeiro, partiu do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) e, em seguida, acabou mantida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A última decisão foi dada pela Sexta Turma do STJ no dia 14/12.

A princípio, entendeu-se que os promotores que investigam o caso não juntaram provas suficientes dos crimes atribuídos ao padre. Em uma manifestação crítica ao trancamento da investigação enviada ao STJ, a subprocuradora-geral da República, Solange Mendes Souza, alegou que havia na denúncia feita pelo MPGO provas e elementos capazes de justificar a ação penal.

A defesa do padre repetiu sempre o argumento de que a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), criada e fundada por ele, é uma entidade privada e que em nenhum momento os integrantes questionaram qualquer ato praticado pela gestão dele. Diante disso, na visão dos advogados, não existem crimes a serem investigados.

A Afipe

A Associação foi idealizada para gerir as doações em dinheiro enviadas por fiéis e, com o valor arrecadado – em torno de R$ 20 milhões por mês, segundo o MPGO -, erguer o novo Santuário Basílica de Trindade, conhecida como a capital da fé em Goiás.

Trata-se de uma mega construção iniciada em 2012, que tinha previsão inicial de término em 2022 e era orçada em R$ 100 milhões. Até o início deste ano, apenas 17% do projeto tinham sido concluídos e o valor total da obra acabou revisado para R$ 1,4 bilhão.

O padre foi afastado da presidência da Afipe, assim que a Operação Vendilhões foi deflagrada e surgiram as suspeitas de que ele teria usado o dinheiro para comprar fazendas e até casa na praia. Os demais padres redentoristas de Goiás se organizaram para manter as atividades tanto da Basílica de Trindade, que recebe milhares de fiéis de várias partes do país, quanto da associação.

Logo após o escândalo, ainda em 2020, as doações de fiéis registraram queda de 80%. Em abril de 2021, a Afipe já tinha conseguido reduzir um pouco o impacto para 50%. A nova direção da Associação tentou dar maior transparência ao uso do dinheiro doado, acelerou o andamento da obra e instaurou sindicância para apurar as suspeitas de desvio.

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