STJ nega pedido de João de Deus para anular provas
Sexta Turma da Corte votou por unanimidade contra o médium, denunciado por abuso sexual e porte de arma
atualizado
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A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou, por unanimidade, pedido apresentado pelo médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, para anular provas obtidas pelo Ministério Público de Goiás após buscas e apreensões em uma das residências. O caso é referente à denúncia contra o líder espiritual por posse de arma de fogo.
A defesa questiona os fundamentos apresentados à Justiça para a autorização das buscas, efetuadas em dezembro do ano passado. À época, os agentes localizaram um revólver 38 e 11 munições na residência de João de Deus, o que levou o médium e a esposa a se tornarem réus por posse ilegal em fevereiro deste ano.
O médium alega que as buscas não tinham fundamentação válida e, portanto, a decisão que as autorizou deveria ser desconsiderada. Nesse cenário, as provas seriam anuladas. O entendimento, no entanto, não foi aprovado pela Justiça em primeira e segunda instância, o que levou o caso ao STJ.
O ministro Nefi Cordeiro, relator do caso, se manifestou contra o pedido da defesa. Segundo ele, a decisão que autorizou as buscas continha “descrição fática suficiente” para embasar não apenas a operação como também a prisão preventiva do líder espiritual. João de Deus se encontra detido desde dezembro do ano passado, quando se entregou à polícia.
Segundo Cordeiro, a manifestação continha elementos de prova suficientes para apontar “indícios de autoria e materialidade” dos crimes imputados ao médium. O ministro cita investigações do Ministério Público de diversos estados, que encaminharam à promotoria de Goiás e-mails com denúncias e relatos de abusos sexuais supostamente cometidos pelo médium.
O entendimento do relator foi acompanhado pelos colegas que, por unanimidade, negaram recurso a João de Deus.
Denúncias
O líder espiritual se tornou réu em fevereiro pelo crime de posse ilegal de armas após a Polícia Civil localizar um revólver 38 e 11 munições em uma das residências. Além desse caso, o médium responde a outras 11 denúncias por abuso sexual.
A última delas foi apresentada pelo Ministério Público de Goiás no último dia 2 e se refere a quatro estupros de vulnerável supostamente cometidos entre 2010 e 2016 contra vítimas do Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Bahia. Outros sete casos apresentados pela Promotoria na denúncia já tiveram o crime prescrito.
Em junho, a defesa do médium recorreu ao Supremo Tribunal Federal para rever a prisão preventiva.
A defesa alegou que João de Deus, além de idoso, é portador de insuficiência coronariana, e que a custódia “estaria fundamentada apenas no clamor público e no abalo à paz e à tranquilidade pela eventual soltura” do líder espiritual.
O caso foi analisado pelo ministro Ricardo Lewandowski, que negou a concessão de prisão domiciliar ou conversão da preventiva do médium por outras medidas cautelares alternativas.
A reportagem busca contato com a defesa do médium João de Deus.