STF: PGR deve se manifestar sobre PF negar interferência de Bolsonaro
Com o despacho do ministro Alexandre de Moraes, PGR poderá arquivar o caso, pedir mais diligências ou oferecer denúncia à Justiça
atualizado
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta quarta-feira (27/4) que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre o relatório da Polícia Federal no inquérito que investiga indícios de interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL) na instituição. A PF isentou Bolsonaro da acusação.
“Abra-se vista dos autos à Procuradoria-Geral da República, para manifestação”, ordenou o ministro. O despacho não fixa prazo para retorno. Com o despacho, caberá à PGR arquivar o caso, pedir mais diligências ou oferecer denúncia, uma acusação formal à Justiça.
No fim de março, a PF encaminhou relatório ao STF no qual diz não haver indícios de interferência do presidente na instituição. Segundo a PF, o presidente foi investigado pelos crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça e corrupção passiva privilegiada.
O inquérito foi aberto em 2020, quando o então ministro da Justiça, Sergio Moro (União Brasil), acusou o presidente da República de interferir em investigações da PF.
Moro acusou Bolsonaro de desrespeitar a autonomia da PF, ao cobrar a demissão do então chefe da instituição, Maurício Valeixo, e querer colocar outra pessoa no cargo.
Valeixo era homem de confiança de Moro e chegou à direção da PF indicado pelo próprio ex-juiz. Quando o presidente solicitou a troca no comando da corporação, o então ministro tentou reverter a decisão, mas, sem sucesso, acabou pedindo demissão, e fez a denúncia contra o presidente.
Moro disse que Bolsonaro cobrou a troca do chefe da Polícia Federal no Rio de Janeiro e exonerou o então diretor-geral da corporação. O objetivo, segundo o ex-ministro, seria blindar investigações de aliados. Desde então, Moro e Bolsonaro tornaram-se desafetos.