metropoles.com

STF determina que União crie plano para melhorar sistema prisional

Por unanimidade, os ministros do STF reconheceram violação massiva de direitos fundamentais no sistema prisional brasileiro

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Rafaela Felicciano/Metrópoles
Imagem colorida de uma cela com paredes beges e grades cinza. A mão de uma pessoa segura uma das barras da grade no canto direito da imagem. Hospitais de custódia detentos - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de uma cela com paredes beges e grades cinza. A mão de uma pessoa segura uma das barras da grade no canto direito da imagem. Hospitais de custódia detentos - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, por unanimidade, a violação massiva de direitos fundamentais no sistema prisional brasileiro e determinou que o governo federal elabore um plano de intervenção para resolver a situação.

Os ministros analisaram a questão na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 347, apresentada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). O julgamento tinha sido suspenso na terça-feira (3/10) e foi retomado nesta quarta (4/10) para que o ministro Gilmar Mendes votasse. Ele acompanhou o voto-vista do ministro Luís Roberto Barroso e o julgamento foi concluído.

O julgamento do mérito foi iniciado em junho de 2021, em sessão virtual, quando o relator, ministro Marco Aurélio (aposentado), votou pela declaração do chamado “estado inconstitucional de coisas” relativamente ao sistema carcerário e propôs uma série de medidas para mitigar a situação.

Nesta terça-feira, o ministro Luís Roberto Barroso, em sua primeira sessão na Presidência do STF, apresentou seu voto-vista, ampliando a proposta do relator. Ele fez atualizações em relação ao voto do relator do caso, o ministro aposentado Marco Aurélio Mello, que foram aprovadas pelos outros ministros.

Assim, o STF determinou que a União elabore um Plano Nacional de intervenção no sistema prisional, com prazo de seis meses para apresentação e 3 anos para execução.

Segundo a proposta do presidente do STF, o documento será elaborado com a participação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que planejará as medidas que envolvam a atuação do Poder Judiciário. A ideia é que as soluções também abranjam a fiscalização e o monitoramento do sistema prisional.

Com base no plano federal, os estados e o Distrito Federal deverão construir, também em seis meses, planos próprios visando superar o chamado estado de coisas inconstitucional nas prisões. Em ambos os casos, o prazo para a implementação das medidas será de três anos.

O monitoramento da execução do plano deve ser feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com supervisão do STF.

Veja prazos:

  • de até 6 meses para apresentação do Plano Nacional de Enfrentamento do Problema Carcerário, elaborado pela União e de até 3 anos para sua execução;
  • de até 6 meses para apresentação dos planos estaduais e distrital.

O Plano Nacional de Enfrentamento do Problema Carcerário deve deve conter:

  • controle da superlotação dos presídios, melhoria da qualidade e aumento de vagas;
  • fomento às medidas alternativas à prisão e
  • aprimoramento dos controles de saída e progressão de regime.

Ação

O STF analisou em plenário ação que trata de violações de direitos no sistema prisional brasileiro. A ADPF 347 foi um pedido para o reconhecimento do “estado de coisas inconstitucional” do sistema penitenciário e determinada a adoção de diversas providências no tratamento da questão no país.

O conceito de “estado de coisas inconstitucional (ECI)” foi desenvolvido pela Corte Constitucional colombiana, que, reconheceu sua existência diante de quadros de violação massiva e generalizada de direitos e garantias fundamentais, por ação e omissão de diversos órgãos públicos responsáveis por sua tutela.

Em seu voto, Barroso citou estudo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre o sistema carcerário, que aponta superlotação e insalubridade das penitenciárias brasileiras, além da retenção de presos além das penas que deveriam cumprir e da entrada indevida de apenados no sistema.

4 imagens
Cadeias são superlotadas no Brasil
Homem na prisão
Sete detentos fogem de cadeia pública do Sertão da Paraíba
1 de 4

Homem preso

PCDF/Divulgação
2 de 4

Cadeias são superlotadas no Brasil

Reprodução
3 de 4

Homem na prisão

Getty Images
4 de 4

Sete detentos fogem de cadeia pública do Sertão da Paraíba

Reprodução / Hora do Vale

O relator da ação, ministro aposentado Marco Aurélio Mello, já tinha votado no caso. Quando a Corte analisou o caso, em 2015, o “estado de coisas inconstitucional” foi reconhecido em uma decisão liminar. Agora foi dado o reconhecimento de mérito.

Voto

Seguindo o voto do relator, a Corte também determinou a realização das audiências de custódia em prisões em flagrante, com apresentação do preso a um juiz em até 24h; e a liberação de recursos acumulados no Fundo Penitenciário, com aplicação em melhorias no setor.

Em 2021, o mérito da ação começou a ser julgado, mas foi suspenso por pedido de vista de Barroso. Agora, a análise foi retomada. Nesta tarde, ao apresentar voto-vista, ministro Luís Roberto Barroso inicialmente elencou informações extraídas no trabalho desenvolvido pelo departamento de monitoramento e fiscalização do sistema carcerário do CNJ:

  • o Brasil é o terceiro país do mundo em números absolutos de pessoas presas, tendo ultrapassado a Rússia em 2017;
  • o país apresenta uma taxa média nacional de superlotação de presídios de 136%;
  • há estados com taxa de lotação superior a 200%;
  • há unidades com ocupação de 1.300% e outras com 2.681%.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?