SP: “Sozinha eu não teria feito nada”, diz vítima de racismo em metrô
Wélica Ribeiro conta que só reagiu por causa de outras pessoas que estavam no vagão, presenciaram a cena e se mobilizaram
atualizado
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São Paulo – Vítima de racismo em vagão no metrô de São Paulo, Wélica Ribeiro, de 35 anos, afirmou que só teve coragem de reagir porque outros passageiros presenciaram a cena e se mobilizaram. Por volta das 17h50 da última segunda-feira (2/5), a carioca ouviu uma mulher branca pedir para ela tirar o cabelo porque “poderia passar doença”.
“Se fosse por mim, eu não teria gritado por justiça porque eu fiquei inerte à situação. Meu irmão e as outras pessoas que estavam lá que compraram a briga. Se fosse por mim eu teria voltado para casa, sofrido a angústia, estaria chorando e ia ficar por aquilo mesmo”, contou ao Metrópoles.
A atitude racista por parte da outra passageira chamou a atenção do irmão de Wélica e de outras pessoas que estavam na linha 1-azul do Metrô Paulista.
Veja o vídeo:
Wélica disse que esta é a sua primeira visita à cidade de São Paulo. Ela mora em Macaé e foi passar alguns dias na casa do irmão. A carioca, que chegou à capital paulista com os pais na manhã de segunda, disse que não chegou a aproveitar os atrativos da cidade por conta do que aconteceu.
Ataques na internet
Embora tenha ficado feliz com toda repercussão que o caso teve, além de ter sido ajudada por dezenas de pessoas, Wélica diz que se sente triste. Ela afirma que viu comentários negativos em algumas redes sociais.
“Eu parei por cinco minutos e acabei de ler que é vitimismo. Vi pessoas questionando se eu não havia mentido. Isso é muito doloroso, você está triste, está arrasado porque, querendo ou não, é uma exposição”, explicou.
“Eu estou sem energia, porque ver pessoas duvidarem de você e de uma dor que você sentiu por conta de algo que realmente aconteceu é muito difícil”, explicou, emocionada.
Wélica tem esperança de que a autora dos ataques seja punida e que episódios como este sejam cada vez mais raros na sociedade brasileira.
“Eu quero acreditar que daqui a alguns anos não vai mais se ouvir falar de racismo. Os brancos nunca vão entender a nossa dor. Porque o nosso histórico foi de sofrimento, a gente foi martirizado. Éramos tratados como animais. Graças a deus hoje temos a liberdade e não podemos achar que é normal que isso aconteça”, desabafou.