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SP quer reduzir gradualmente cobradores de ônibus a partir de abril

Segundo a SPTrans, profissionais serão realocados para outras funções; apenas 5% dos passageiros pagam tarifa em dinheiro

atualizado

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Oswaldo Corneti/Fotos Públicas
Terminal de Ônibus em São Paulo
1 de 1 Terminal de Ônibus em São Paulo - Foto: Oswaldo Corneti/Fotos Públicas

São Paulo – A cidade de São Paulo se prepara para acabar gradualmente com a função de cobradores nos ônibus a partir de abril deste ano.

O “fim” da atividade vai se dar por meio da diminuição nos repasses do município às concessionárias que operam os ônibus. As mudanças constam em ofício enviado pela SPTrans para as empresas em janeiro, bem como em um aditivo contratual firmado com as concessionárias.

Segundo a SPTrans, a ideia é que esses profissionais sejam realocados para outras funções, como motoristas ou nas áreas de fiscalização, manutenção e administração, e não há determinação para o fim da atividade.

Segundo os documentos, no primeiro momento, a função de cobrador deixará de existir apenas para alguns tipos de veículos: os menores, que só operam com embarque e desembarque no lado direito. Para os ônibus maiores, com portas dos dois lados, não há previsão de mudanças.

Diminuição mensal de repasses

O ofício da SPTrans de 11/1, ao qual o Metrópoles teve acesso, prevê que, a partir de abril, o município vai diminuir, mensalmente, 2,5% do valor destinado a pagar os cobradores para cada ônibus elegível para operar sem essa função.

Ou seja, as empresas que tiverem veículos com um “layout” menor receberão menos dinheiro para pagar cobradores, a fim de incentivá-las a acabar com esta função. Desde 2014, todos os coletivos do sistema local, os “micro-ônibus” já operam sem cobrador, mas a mudança nunca chegou às linhas de ônibus comuns.

O ofício foi provocado por um pedido de informações do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (Urbanuss), que em 22/12 questionou a autarquia sobre os estudos para “potencial desmobilização dos cobradores”.

O sindicato destacou que a cidade não havia divulgado como seria a organização dos novos veículos sem a presença do posto de cobrança e pediu que, enquanto não for divulgada como devem ser as novas frotas, sejam autorizados os cadastros de cobradores.

A troca de e-mails mostra que a SPTrans discutiu o tema junto ao sindicato em 5/1 e citou uma cláusula do 3º Termo Aditivo ao Contrato de Concessão firmado com as nove empresas operadoras de coletivos na capital. O contrato prevê que a “redução de 2,5% será multiplicada pela relação entre veículos elegíveis para operar sem cobradores e a frota operacional da concessionária”.

Em nota enviada ao Metrópoles, a SPTrans afirmou que há 14.041 cobradores cadastrados no sistema da cidade, e que apenas 5,7% dos passageiros fazem o pagamento da tarifa em dinheiro. Segundo a autarquia, “com o avanço da tecnologia e cobrança automática das tarifas no transporte coletivo, esses profissionais já passam por programas de reciclagem nas empresas e são reaproveitados pelo sistema em outras atividades”.

O órgão explicou que “não há determinação para retirar cobradores do sistema”, e que “já há uma transferência natural destes profissionais de, em média, 2,5% ao mês, para outras funções, em linhas elegíveis”, e citou a previsão contratual para diminuir os custos com esse tipo de mão de obra.

Reações

O ofício prevendo o fim gradual dos cobradores gerou repercussão negativa no Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindimotoristas), que prometeu “tomar todas as providências cabíveis e lutar pela manutenção do emprego de mais de 16 mil de profissionais”.

Presidente do sindicato e deputado federal, Valdevan Noventa afirmou que, “mais do que cobrar passagens, os cobradores desempenham funções essenciais nos ônibus, ajudam os cadeirantes, deficientes físicos, controlam o uso dos assentos reservados, inibem situações de assédio e ainda ajudam passageiros a respeito de itinerários”.

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