SP: policiais forjam tiroteio com engenheiro e alteram cena do crime
Agentes da Força Tática simularam confronto com engenheiro Vinícius Texucla, de 36 anos, e viraram réus. Homem morreu no hospital
atualizado
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Câmeras de segurança da casa de um tenente-coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo (PMESP) flagraram o momento em que três agentes da Força Tática do 27º Batalhão (Parque América) tiram um homem baleado do assento do motorista do próprio carro, o colocam no banco de trás do veículo e seguem adiante.
As investigações da Polícia Civil revelaram que, a 1,5 quilômetro dali, foi forjado um confronto a tiros entre os policiais e a vítima, o engenheiro civil Vinícius Texucla Oliveira, 36 anos. O caso aconteceu em 11/7 deste ano na zona sul de São Paulo.
O caso foi divulgado pelo jornalista Josmar Jozino, do UOL, e confirmado pelo Metrópoles. A apuração da polícia mostrou que o sargento Cristiano Procópio Magalhães, 47, e os cabos Alex Medeiros Borges, 35, e Dimas dos Santos Silva, 37, simularam que Vinícius estaria armado e teria trocado tiros com eles, quando foi ferido. Duas armas – um revólver calibre 38 e uma pistola 380 – chegaram a ser “plantadas” ao lado do corpo do homem.
Os policiais chamaram o Corpo de Bombeiros para o local, entre as ruas Particular e Cultura Popular, no Jardim Lucélia. Vinícius foi levado ao Hospital Geral do Grajaú, mas não resistiu aos ferimentos à bala nas costas e no abdômen.
Um quarto policial militar, identificado como Tiago Vieira da Silva, foi o responsável por jogar areia em manchas de sangue deixadas onde Vinícius foi morto. A ordem partiu dos três outros colegas de farda a fim de que provas do crime fossem destruídas.
Todos os agentes são réus. Na Justiça comum, Cristiano, Alex e Dimas respondem por homicídio doloso com três qualificadoras – motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima – e fraude processual, por terem alterado a cena do crime. Já Tiago foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) por “inovar artificiosamente o estado de lugar para induzir a erro o juiz, o perito ou os responsáveis por uma investigação”.
Na Justiça Militar, os três primeiros policiais são processados por falsidade ideológica, fraude processual, abandono de posto e reunião em grupo para cometer violência. Tiago responde por fraude processual.
No dia 28/10, os policiais militares serão interrogados pelo juiz Ronaldo Roth, da 1ª Auditoria do Tribunal de Justiça Militar. Testemunhas do caso serão ouvidas no dia anterior.
Questionada pelo Metrópoles, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil do estado. A corporação pediu a prisão temporária dos três policiais. No âmbito militar, a corregedoria da PM “representou pela prisão preventiva”. O caso tramita na 3ª Vara do Júri da Capital e na Justiça Militar. A SSP disse também que todos seguem presos no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital.