SP: petistas apostam que histórico de Haddad vai fazer França desistir
“Se França quiser sair candidato, que saia, é legítimo”, mas Haddad é nome certo na disputa para o governo, diz Jilmar Tatto
atualizado
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São Paulo – Ao mesmo tempo em que avaliam que a chapa Lula-Geraldo Alckmin tem grandes chances de se concretizar em breve, integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) insistem que é Fernando Haddad, e não Márcio França (PSB), quem deve concorrer ao governo de São Paulo.
Alckmin ainda precisa se filiar a algum partido para compor a chapa com o petista. O partido mais provável é o PSB – o PV também está no páreo. Entretanto, França, que preside o PSB em São Paulo, não quer deixar sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes em prol de Fernando Haddad.
Esse impasse pode atrapalhar a proposta de federação que os trabalhadores discutem com os socialistas, já que a lei obriga que as legendas governem e lancem candidatos em conjunto por quatro anos. O partido de Lula espera que França aceite concorrer ao Senado por São Paulo, mas ele não se mostra disposto à troca.
Internamente, alguns petistas apostam que, com o passar dos meses, a força do ex-prefeito da capital vai ficar cada vez mais latente e o PSB vai aceitar apoiar Haddad em fez de insistir em França.
Pessoas próximas a Lula no PT paulista falam de forma contundente que a sigla não deve abrir mão do palanque no estado. Jilmar Tatto, ex-deputado federal e secretário nacional de comunicação do partido, diz que “se França quiser sair candidato, que saia, é legítimo”, mas Haddad é nome certo na disputa.
“É um processo. Tem uma negociação nacional com o PSB que está muito tensa em relação à federação, mas não em relação ao apoio ao Lula, isso é pacífico. E a direção nacional do PSB coloca como condição ter o estado de São Paulo, mas nós já avisamos que o PT não abre mão”, afirma.
Ele acredita que essa discussão não deve impedir a chapa Lula-Alckmin de se concretizar e que a decisão de a qual partido o ex-governador de São Paulo deve se filiar é algo que “o PT não interfere” no fim das contas.
“Acho que vai rolar o Alckmin vice. A filiação é uma decisão dele. Da nossa parte, tá tudo acertado essa questão de ser vice do Lula, ele aceitou, o Lula gostou da ideia, agora é só a questão de timing, de quando isso vai acontecer”, aponta.
Alexandre Padilha, deputado federal e ex-ministro de Lula e Dilma Rousseff, defende uma “união das forças progressistas tanto no plano nacional quanto no estadual”, e também insiste em Haddad como o candidato de maior chance.
“Com todo respeito às outras candidaturas que surgiram no campo progressista, tenho certeza que o professor Haddad é o que tem a maior capacidade de diálogo. Por ter sido prefeito da maior cidade do país, por ter sido ministro da Educação, possui a experiência e a capacidade necessárias para liderar esse projeto político no estado de SP”, afirma.
França, por sua vez, não dá indicativo nenhum de que irá desistir. Em entrevistas recentes, tem enfatizado que se preparou para concorrer a governador e lembra que chegou muito perto do Palácio dos Bandeirantes em 2018: no segundo turno, ficou com 48,25% dos votos contra 51,75% de João Doria.
Além disso, afirma que os antigos eleitores de Geraldo Alckmin, quando este era do PSDB, têm mais facilidade de migrar para ele do que para um petista, devido á rivalidade histórica entre os partidos.
Já quadros do PT entendem que, se tiver o respaldo de Lula e de Alckmin juntos, Haddad contará com boas chances na disputa em um estado dominado pelos tucanos há quase 30 anos.
Pesquisa Ipespe divulgada na última sexta-feira (18/2) deu mais confiança aos petistas ao mostrar que Haddad empataria com Alckmin na disputa para o governo de São Paulo, ambos com 20% das intenções de voto, e França aparece com 12%. Já em um cenário sem Alckmin, Haddad lidera com 28% e França aparece com 18%. Sem o petista na disputa, França aparece em primeiro com 31%.