SP: mulher trabalhou por 50 anos em situação análoga à escravidão
Idosa de 89 anos está sob cuidados de parentes. Patrões estão sendo processados pelo MPT e podem pagar até R$1 milhão de indenização
atualizado
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São Paulo – Uma idosa de 89 anos foi resgatada pela Polícia Civil, em um bairro nobre de Santos, litoral de São Paulo, em situação análoga à escravidão. Segundo informações do Ministério Público do Trabalho, a mulher trabalhou nessas condições nos últimos 50 anos.
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De acordo com a investigação, a mulher trabalhava como empregada doméstica sem registro na carteira, sem salário ou qualquer tipo de direito trabalhista, além de sofrer abusos físicos e verbais por parte da patroa e da família. A idosa só podia sair de casa para fazer serviços ligados ao trabalho.
O caso foi descoberto depois de uma vizinha denunciar os maus tratos que a idosa sofria para a Delegacia de Proteção às Pessoas Idosas, em 2020. Em uma gravação que a vizinha entregou à polícia, é possível ouvir a idosa sendo xingada.
Ameaça constante
A vítima contou à justiça que perdeu sua carteira de identidade (RG) na década de 70, e que ainda nessa época foi “contratada” pela família com a promessa de que a ajudariam a tirar uma nova. Ela conta que foi impedida de guardar qualquer dinheiro em espécie e, sempre que cogitava visitar familiares, os patrões respondiam que ela perderia abrigo e a alimentação que recebia.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) ajuizou uma ação civil pública contra a família, exigindo o bloqueio de bens dos réus em R$ 1 milhão para o pagamento de danos morais coletivos bem como o reconhecimento de que submeteram a vítima a condições degradantes.
A idosa está agora sob os cuidados de parentes que foram localizados após investigação policial. Ela obteve o direito ao pagamento de pensão mensal no valor de um sálario mínimo e plano de saúde.