SP: manifestantes ocupam a Avenida Paulista e pedem “fora, Bolsonaro”
Com máscaras e na tentativa de respeitar o distanciamento social, os ativistas gritam palavras de ordem contra o presidente Jair Bolsonaro
atualizado
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A Avenida Paulista, em São Paulo, e ruas vizinhas voltaram ser ocupadas por manifestantes neste sábado (3/7), com concentração em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp).
Com máscaras e na tentativa de respeitar o distanciamento social, os ativistas gritam palavras de ordem contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como “doutor, eu não me engano, Bolsonaro é miliciano” e “Bolsonaro genocida”.
Veja imagens:
Pela segunda vez nas ruas nesta leva de protestos iniciada em 29 de maio, a “bibliotecária e vacinada” Iraci Borges, 69 anos, diz que se sentiria mal em ficar em casa enquanto brasileiros estão nas ruas para tirar o presidente e o vice, Hamiltom Mourão.
“Não adianta nada tirar o Bolsonaro e deixar um militar com a mesma política da matança”, ressalta.
Aliança ampla
Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), presente pela primeira vez nos protestos, a manifestação, com a presença de lideranças de partidos de centro e centro-direita, comko Cidadania e PSDB, mostra que a tarefa de derrotar o Bolsonaro não é uma bandeira da esquerda, mas “dever de quem ama a vida”.
“Bolsonaro é uma ameaça e esse é o caminho. Todos precisam se mobilizar”, diz. “O Brasil é um país incrível, mas precisa ter juízo e construir um programa de aliança amplo”.
Integrantes da ala LGBT do PSDB também marcaram presença, assim como uma ala do Cidadania.
A bandeira do Brasil, geralmente presente nos atos pró-Bolsonaro, também voltou a aparecer nos protestos contra o presidente. “Não vamos deixar um grupo pequeno sequestrar a nossa bandeira”, diziam os manifestantes.
Componente político
No protesto em São Paulo, o advogado criminalista e conselheiro da Human Rights Watch Augusto de Arruda Botelho afirmou ao Metrópoles que a pressão popular faz parte de um componente importante para o impeachment, que é a parte política.
“O processo de afastamento tem dois requisitos: um jurídico e um político. Nesse momento, falta o político. E a pressão popular é fundamental para que essa parte avance”, afirmou.
Contrário ao processo de impeachment de Bolsonaro no início da pandemia, o advogado diz que mudou de opinião porque o conteúdo jurídico não estava presente. “Agora está escancarado”, avalia. “Por mais que não seja saudável tanto afastamento, pior é a produção criminosa”.
Botelho ressaltou que é cauteloso em relação ao processo porque não é um terceiro turno. “Não é mecanismo para tirar quem você não gostou”, argumentou.
Passou a hora
Ao Metrópoles, o ator Leo Bahia afirmou que tem participado dos protestos e que incentiva a população a fazer o mesmo o máximo de vezes para mostrar a insatisfação com o governo. “Não adianta ficar em casa postando, mostrando para os amigos. A gente tem que sair e mostrar para o mundo. Passou a hora desse governo cair.”
Ele destaca que é da área da cultura e está há mais de um ano sem trabalhar. “Tudo na cultura está parado, a Lei Rouanet está parada. Acredito que a cultura é a base de um país e estou aqui também por isso”.