SP: mais de 230 famílias são despejadas durante reintegração de posse
A operação ocorreu na zona norte da cidade; atingidos pela ação alegam não terem para onde ir
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – Ao menos 230 famílias foram despejadas na manhã desta sexta-feira (28/05), na zona norte de São Paulo. A situação ocorreu em cumprimento a uma ordem de reintegração contra a comunidade Penha Brasil.
A Polícia Militar de SP acompanhou a ação, que, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública, ocorreu de forma pacífica.
A Bancada Feminista do PSol na Câmara dos Vereadores esteve presente durante a operação para prestar apoio aos moradores. A bancada afirma que ao menos 150 crianças, cerca de 50 idosos, além de gestantes e pessoas com deficiência viviam no local.
Carol Coltro, assessora do mandato da Bancada Feminista, afirmou que a maioria das pesoas não tem para onde ir. “Embora não tenha ocorrido violência física, tem que se levar em conta que é uma violência psicológica e social muito grande. Algumas pessoas foram para casas de familiares, mas a maioria não tinha para onde ir. As pessoas estavam desesperadas, principalmente mulheres mães solos”.
“A gente intermediou para que as famílias tivessem direito à assistência social. Foram disponibilizadas duas vans para levar quem optasse ir para abrigos”.
Além disso, a bancada contou com a ajuda de advogados durante toda a operação. A assessora destacou como grave o município não ter disponibilizado uma assistente social durante a reintegração.
Nosso mandato está desde a madrugada acompanhando uma ação absurda de reintegração na comunidade Penha Brasil, Zona Norte, que tem cerca de 230 famílias. O terreno está há 30 anos abandonado. Reintegração de posse na pandemia é desumano! É urgente a aprovação da lei de despejo 0! pic.twitter.com/4WMTCkZr3N
— Bancada Feminista do PSOL (@bfeministapsol) May 28, 2021
O terreno
O terreno ocupado pela população pertence à Igreja Internacional da Graça de Deus, do bispo R.R. Soares, com débitos de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) de aproximadamente R$ 200 mil, afirmam as vereadoras da bancada feminista.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), o local foi ocupado em dezembro do ano passado, mesma época em que foi dada liminar para a desocupação da área.
“A decisão só está sendo cumprida agora porque, nesse período, se buscou solução conciliatória. De acordo com os autos, a decisão determinou medidas voltadas para que o cumprimento da reintegração de posse ocorra de maneira pacífica, com respeito ao interesse dos menores e outros vulneráveis que eventualmente integrem o grupo”, disse o TJSP por meio de nota.
O Metrópoles encaminhou algumas perguntas no único canal de comunicação disponível no site da Igreja Internacional da Graça de Deus e, até o momento da publicação desta reportagem, não obteve respostas. O espaço segue aberto.