SP: falso médico que cogitou amputar perna já fingiu ser pastor
Além de atuar como médico sem licença, Gerson Lavísio pregava em igrejas e promovia viagens religiosas que nunca aconteceram
atualizado
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São Paulo – O falso médico Gerson Lavísio, de 32 anos, que atuava sem licença na concessionária que administra a Rodovia Dutra, também já fingiu ser pastor. Segundo investigação do Fantástico, ele chegou a pedir contribuições para viagens missionárias que nunca aconteceram.
A reportagem mostrou que o farsante atraía pessoas em busca de conselho espiritual à igreja. Gerson usava as redes sociais para comunicar ao seu público cultos e organizações inexistentes, segundo o Fantástico. Ele também era convidado para pregar em outras igrejas.
“A habilidade que ele tinha na voz e nas palavras convencia”, contou um jovem que foi ser seguidor de Gerson por mais de três anos. “Você passa a acreditar naquilo como uma liderança cristã”, completou. Segundo o homem, Gerson aconselhou que ele cortasse relação com amigos e familiares. O rapaz relatou ainda que chegou a contribuir “várias vezes” financeiramente nos projetos.
Farsa da medicina
Gerson foi descoberto após prestar socorro em uma parte da rodovia em Lavrinhas, onde três caminhões se envolveram em um acidente em 13/3. O falso médico trabalhava como socorrista, contratado por uma empresa terceirizada.
Segundo testemunhas, ao chegar ao local da batida, o farsante cogitou amputar a perna de uma das vítimas, um caminhoneiro. O procedimento acabou não sendo realizado. O ferido acabou transferido a um hospital, onde a amputação foi realizada.
A sugestão do falso médico, de realizar uma amputação ainda na estrada, chamou atenção de profissionais de saúde presentes no local do acidente, que acionaram a Polícia Rodoviária Federal.
Após a denúncia, os agentes consultaram o site do Conselho Regional de Medicina onde constataram que o registro apresentado por Gerson era de um médico já falecido e seu diploma, falso. Ao ser questionado pela polícia no local, ele continuou afirmando ser médico.
“A conduta que ele tomava não era de um médico. Por exemplo, quando é problema de coluna, a gente tem que aplicar um analgésico, ou até mesmo um remédio via oral, mas o que ele fez? Ele aplicou um calmante, 10 mg na veia. O usuário ficou desfalecido, já não estava nem andando mais. E também teve um paciente que precisou ser suturado. Ele fez a sutura, mas os pontos que ele fez estavam todos irregulares, ele não conseguia fazer o laço do ponto. E fez tudo errado”, contou um dos colegas que trabalhava com Gerson ao Fantástico.
Além do trabalho como socorrista, Gerson chegou a atuar como médico em um posto de saúde em Parelheiros. Segundo informações, ele atendeu 18 pacientes no final do ano passado.