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“Sonsa”: desembargador muda voto em caso de assédio e pune pastor

Desembargador de Goiás fez nova análise sobre caso de assédio de pastor evangélico, após insinuar que vítima era “sonsa”

atualizado

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Reprodução/ TJGO
Foto colorida do desembargador Silvanio de Alvarenga - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida do desembargador Silvanio de Alvarenga - Metrópoles - Foto: Reprodução/ TJGO

O desembargador do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), Silvânio de Alvarenga, mudou seu voto sobre o pedido de indenização de uma jovem que denunciou o pastor evangélico Davi Passamani, criado da igreja A Casa, por assédio sexual.

Em uma sessão de 19 de março, Silvânio insinuou que a vítima era sonsa e indeferiu o pedido, mas em julgamento nesta terça-feira (26/3), o desembargador voltou atrás e votou a favor do líder religioso pagar uma indenização de R$ 50 mil para instituições que acolhem mulheres vítimas de violências.

O voto de Silvânio foi o último e definiu o resultado do julgamento contra o pastor. O placar final foi de três votos a dois. A defesa do pastor pode recorrer.

A mudança de voto de Silvânio acontece no mesmo dia em que matéria do Metrópoles mostrou as falas dele no julgamento de 19 de março com exclusividade. Na ocasião, ele reclamou do que seria uma “caça aos homens”.

Veja o vídeo:

Nova análise do desembargador

Em seu voto oral nesta terça, Silvânio disse que fez uma nova análise do processo e entendeu que o comportamento do sacerdote Davi Passamani foi reprovável e reiterado. Além disso, o desembargador apontou que o líder religioso tinha uma posição de ascendência e poder sobre a vítima.

Ainda assim, o desembargador Silvânio reclamou do que chamou “época das trevas, em que a liberdade de pensamento está sendo abalada por certos radicalismos”. Ele aproveitou para se explicar sobre sua fala na sessão anterior.

“Eu perguntei ‘será se ela mesma é sonsa, como ela mesma afirmou?’. (…). Sonsa seria uma pessoa ingênua, palavras da própria vítima. Me falaram que isso causou polêmica, não vejo motivo para isso. Nós estávamos discutindo a matéria”, ponderou.

Silvânio disse que sua fala chamou a atenção da imprensa e que isso foi importante, pois a imprensa tem o papel de fiscalizar os poderes.

Mais de uma vítima

Davi Passamani foi denunciado pelo Ministério Público no caso de outra vítima, em 2020, e houve a suspensão condicional da pena, por ser uma pena de menos de dois anos e por não ser reincidente. Já em 2023, o pastor foi denunciado por uma terceira vítima e o caso está em fase de inquérito.

No começo deste ano, a ex-esposa de Davi, a pastora Giovanna Lovaglio, abriu uma ação contra ele por estar sendo perseguida na internet e presencialmente, durante o processo de separação do casal. O Judiciário concedeu medida protetiva para ela e a filha. Em dezembro do ano passado, Passamani deixou A Casa e fundou uma nova congregação, chamada A Porta.

Em nota, o advogado Leandro Silva, que representa o pastor Davi Passamani, informou que as acusações contra ele são falsas e disse que tudo é uma conspiração para tirá-lo da direção da igreja.

“A defesa do pastor Davi Passamani declara que todas as acusações formalizadas ou veiculadas na mídia são falsas e provará que tudo é fruto de uma conspiração para destituí-lo da direção da Igreja Casa e apropriação de seu patrimônio. Em breve, tudo será esclarecido.”

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