Sociedade Ucraniana do Brasil sobre fala de Arthur do Val: “Desumano”
Em áudios revelados pelo Metrópoles, o deputado estadual, conhecido como Mamãe Falei, diz que as ucranianas são “fáceis, porque são pobres”
atualizado
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A Sociedade Ucraniana do Brasil (Subras) repudiou e classificou como repugnantes os áudios em que o deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), conhecido como Mamãe Falei, diz que as mulheres ucranianas são “fáceis, porque são pobres”.
“Trata-se de um ato de desrespeito e ataque às mulheres. Ele ofende não só as que foram citadas, mas a todas. Atinge também nossa origem e história, já tão agredidas por diversas frentes em diferentes épocas. Aproveitar-se de fragilidades de qualquer nível em um estado de guerra é, além de condenável, desumano”, criticou a entidade em nota.
A Subras também cobrou “respostas sobre tal atitude” que, segundo a instituição, “não deve ter espaço na vida pública”.
Em nota, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo repudiou “com veemência” a fala do parlamentar. O presidente da Casa Legislativa, Carlão Pignatari (PSDB), acrescentou ainda que a conduta do deputado será tratada “com rigor e seriedade” pelas esferas de investigação do Parlamento.
Ao retornar ao Brasil, neste sábado (5/3), o deputado estadual Arthur do Val reconheceu que o áudio, no qual fala de mulheres ucranianas, foi machista — a gravação foi revelada em primeira mão pelo colunista Igor Gadelha, do Metrópoles. As declarações do político foram feitas no saguão do Aeroporto Internacional de Guarulhos.
“Foi errado, não é isso o que eu penso. Falei besteira. Sou homem para assumir. Foi um áudio machista, assumo, peço desculpas a todas as mulheres”, disse Arthur do Val.
Entenda
Na Ucrânia sob o pretexto de auxiliar a resistência local contra a invasão russa, o deputado enviou áudios a colegas do Movimento Brasil Livre (MBL) com uma série de comentários machistas sobre as refugiadas ucranianas.
Nas mensagens, às quais a coluna teve acesso, o parlamentar afirma que as refugiadas que ele encontrou na fronteira entre a Eslovênia e a Ucrânia “são fáceis, porque são pobres”. Ele diz também que a fila de baladas brasileiras “não chega aos pés da fila de refugiados aqui”.
“Vou te dizer, são fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas ‘minas’, em dois grupos de ‘mina’, e é inacreditável a facilidade”, diz o deputado, que é pré-candidato ao governo de São Paulo nas eleições deste ano e conta com apoio do ex-juiz Sergio Moro.
“Só vou falar uma coisa para vocês: acabei de cruzar a fronteia a pé aqui, da Ucrânia com a Eslováquia. Eu juro, nunca na minha vida vi nada parecido em termos de ‘mina’ bonita. A fila das refugiadas… Imagina uma fila, sei lá, de 200 metros, só deusa. Sem noção, inacreditável, fora de série. Se pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila de refugiados aqui”, diz o deputado estadual em outro áudio.
Em outro trecho das mensagens, Mamãe Falei baixa ainda mais o nível e diz ter encontrado garota que, “se ela cagar, você limpa o c* dela com a língua”.
“Mano, estou mal. Passei agora, quatro barreiras alfandegárias, duas casinhas pra cada país. Eu contei, são 12 policiais deusas. Que você casa e faz tudo que ela quiser. Eu estou mal, cara, não tenho nem palavras para expressar. Quatro dessas eram minas que, você, se ela cagar, limpa o c* dela com a língua. Inacreditável. Assim que essa guerra passar, eu vou voltar para cá”, diz o deputado estadual.