“Só quero justiça”, desabafa vítima sobre prisão de João de Deus
Abusada em 1999, dona de casa de 41 anos, de Valparaíso (GO), promete formalizar denúncia contra médium na próxima semana
atualizado
Compartilhar notícia
A decretação da prisão preventiva de João de Deus trouxe certo alívio para as vítimas. Abusada quando tinha 22 anos, uma dona de casa de Valparaíso (GO), no Entorno do Distrito Federal, diz que agora espera por justiça. “Metade do que eu pedi a Deus já aconteceu. Ele foi desmascarado”, ressaltou.
Há cerca de 20 anos, mais precisamente em 1999, ela conta que foi abusada em uma das visitas à Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), no Entorno do Distrito Federal. Em uma sala ampla, com sofá, mesa e um quadro pendurado na parede com a imagem do médium pintada a óleo, diz que teve a oportunidade de ficar diante do homem procurado por milhares de pessoas que vão a Abadiânia em busca de curas de doenças.
“Estava passando em frente à sala e vi a porta aberta. Perguntei se podia entrar e logo os ajudantes me deixaram sozinha com ele”, relatou. A dona de casa, hoje aos 41 anos, estava com o marido, que ficou do lado de fora. A portas fechadas, João de Deus a atacou e pediu que ela continuasse de pé. Em seguida, a puxou para perto do seu corpo e começou a gemer em seu ouvido.
“Com a voz asquerosa, ofegante, pediu para que eu fechasse os olhos. Começou a apalpar meu corpo, na frente, atrás, de repente botou minha mão dentro da calça dele. Fechei a mão e ele tentava abri-la. Empurrava a minha cabeça para baixo [em direção ao pênis]. O afastei e disse: ‘Não, não, não’. Ele retrucava: ‘Minha filha, é oração. Para você ficar boa'”, detalhou.
A mulher conseguiu se desvencilhar, abriu a porta e foi embora. Nunca mais voltou à Casa Dom Inácio. Contou o caso ao marido e a um amigo. Mas, em depressão, não denunciou João de Deus. “Quem ia acreditar em mim, uma empregada doméstica? Era minha palavra contra a dele. Iam alegar que eu era doida”, disse.
Ela contou ainda que, na ocasião, estava muito debilitada emocionalmente. Não teve forças e ficou com medo. “Achei que isso só tinha acontecido comigo. Agora que vi todas essas denúncias, espero que a justiça seja feita. Esperei todos esses anos por isso”, garantiu a mulher, que se emociona ao contar os detalhes do que viveu em 1999, na época aos 22 anos.
Após os relatos de outras mulheres, a dona de casa procurou o MP e, na próxima semana, quer dar seu depoimento formal. “Vou contar tudo para as autoridades”, garantiu.
A Justiça decretou a prisão de João de Deus nesta sexta-feira (14/12), após pedido do Ministério Público, feito na quarta (12). A defesa do médium diz que ele nega todas as acusações de abuso sexual – que já ultrapassam 450 em todo o país. A última aparição pública de João de Deus foi na quarta (12), na Casa Dom Inácio de Loyola.
Assista ao vídeo da última aparição de João de Deus:
Denuncie
O MPGO criou um e-mail específico para que as vítimas possam encaminhar seus relatos: denuncias@mpgo.mp.br.