Só homens brancos têm salários acima da média no país, diz pesquisa
Relatório do Ministério do Trabalho apresenta dados de remuneração média para homens e mulheres, divididos em raça e cor
atualizado
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A média de remuneração dos homens não negros brasileiros é 27,9% superior à média nacional de remuneração, estipulada em R$ 4,4 mil. Esse é o único grupo que ultrapassa o valor, de acordo com o 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, realizado pelos ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e das Mulheres.
O relatório apresenta dados nacionais de remuneração média e salário contratual mediano para homens e mulheres, divididos em raça e cor e, também, em cada unidade da federação.
De acordo com os dados coletados, as mulheres chegam a receber 19,4% a menos que os homens. Em cargos de dirigentes e gerentes esse valor chega a ser 25,2% menor entre os gêneros. Já ao analisar o recorte de raça/cor, percebe-se que as mulheres negras, além de estarem em menor número no mercado de trabalho, são as que possuem renda mais desigual no país.
*Salário mediano de admissão é aquele que está exatamente no meio entre os salários maiores e os salários menores em um mesmo estabelecimento.
O levantamento feito pelos ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e das Mulheres contém um balanço das informações enviadas por 49.587 empresas com 100 ou mais trabalhadores. A maioria delas, 73%, têm 10 anos ou mais de existência. Juntas, elas somam quase 17,7 milhões de empregados.
Políticas de incentivo à diversidade
Desde julho passado é determinado, pela lei Lei nº 14.611, que empresas com mais de 100 empregados devem adotar medidas para garantir a igualdade entre gêneros, incluindo transparência salarial, fiscalização contra discriminação, canais de denúncia, programas de diversidade e inclusão, e apoio à capacitação de mulheres.
De acordo com o relatório, apenas 32,6% das empresas têm políticas de incentivo à contratação de mulheres. O número é ainda menor ao serem considerados grupos específicos de mulheres que têm algum tipo de incentivo de contratação: negras (26,4%); mulheres com deficiência (23,3%); LBTQIAP+ (20,6%); mulheres chefes de família (22,4%); mulheres vítimas de violência (5,4%).