“Sinto muita vergonha”, diz mulher filmada dançando com fuzil no Rio
Rosana Contas diz que o neto a filmou com arma de paintball, assunto do canal da criança no YouTube : “Pedi para que ele apagasse”
atualizado
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Rio de Janeiro – A desempregada Rosana Contas do Carmo, de 49 anos, e sua mãe, a costureira Vera Lúcia Contas, de 69, desabafam: “Nesses últimos dias, as nossas vidas se tornaram um pesadelo. Estamos sendo ameaçadas de morte, as pessoas nos julgam, debocham e fomos condenadas por uma coisa que não existe. Está sendo horrível tudo isso”.
Nos últimos dias, Rosana e Vera Lúcia viralizaram com um vídeo no qual ambas foram gravadas na festa de aniversário de um dos filhos, dançando com armas, que, segundo elas, eram de brinquedo. O vídeo foi divulgado na última sexta-feira (7/5), horas após a operação da Polícia Civil no Jacarezinho, em que 28 pessoas morreram, entre elas, um policial.
“Quando eu virei, eu vi que um dos meus netos estava gravando. Não era para ter gravado aquilo. Eu pedi para que ele apagasse”, conta Rosana em entrevista ao Globo. Ela acrescenta que os netos, que são youtubers e gravam uma série amadora com armas de paintball, não a obedeceram.
“Eu sinto muita vergonha. Sei que eu não deveria ter brincado daquele jeito. Mas era um momento de família que ninguém tinha o direito de expor como fizeram”, completa.
O vídeo, que viralizou nas redes sociais, foi usado contra outra mãe, Adriana Santana de Araújo, que perdeu o filho na operação policial do Jacarezinho, no último dia 6. Marlon, de 23 anos, é considerado suspeito de integrar o tráfico da favela. Ele tem uma anotação por posse de drogas para uso pessoal, de 2016, cujo processo foi arquivado.
Desde as primeiras horas após a ação na favela, Adriana acusa policiais de execução: “Eles entraram para matar”. A dor da perda somou-se ao ataque à sua integridade, após muitos terem compartilhado o vídeo afirmando que era ela nas imagens.
“Sou mulher guerreira”
Em entrevista ao RJ1, da TV Globo, Adriana disse que sempre “batalhou” e que nunca tinha pegado em armas.
“Jamais eu iria segurar um fuzil, nunca nem peguei nisso. Quem me conhece sabe a mulher guerreira e batalhadora que eu sou.” Ela disse que sofria ameaças por causa das postagens feitas por milhares de pessoas.
“Você também tem que morrer, você também vai morrer, que pena que não estava lá na hora”, relatou ela sobre algumas das reações à fake news.