Silêncio de Bolsonaro e bloqueios de BRs bombam golpismo no Telegram
Apoiadores radicais do presidente criam rede de grupos para tentar espalhar mobilização contra Lula país afora
atualizado
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Militantes bolsonaristas radicalizados estão se mobilizando nas redes nesta segunda-feira (31/10) para tentar estimular uma espécie de terceiro turno golpista após a vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva no último domingo (30/10).
Animados por dezenas de bloqueios de rodovias por caminhoneiros, esses militantes estão criando uma rede de grupos regionalizados em aplicativos de troca de mensagens, principalmente o Telegram, para tentar combinar mais atos com o objetivo de desestabilizar politicamente o país.
O silêncio do candidato derrotado nas urnas, o presidente Jair Bolsonaro (PL), também é usado como combustível para animar os militantes, que sonham com uma articulação secreta dele com as Forças Armadas para impedir a entrega do poder ao PT. Nos grupos em que a reportagem do Metrópoles entrou, paralisações de rodovias, mas também atos nas cidades e fechamento do comércio são estimulados como uma forma de dar suporte a qualquer decisão golpista de Bolsonaro.
A imagem em destaque nessa rede de grupos clama por uma intervenção militar, o que configuraria um golpe, mas há debate dentro dos grupos sobre esse tema. Uma parte grande dos militantes defende que se faça uma espécie de mobilização civil, parando o país, para que os militares agissem “na hora certa”.
Veja exemplos da mobilização golpista no Telegram após a derrota de Bolsonaro nas urnas:
O WhatsApp e as redes sociais como Facebook e Twitter estão sendo usadas para ajudar a mobilização golpista, mas principalmente com a circulação de endereços dos grupos no Telegram. No app de origem russa, alguns militantes mostram preocupação com a possibilidade de o golpismo levar a Justiça a bloquear o serviço e responsabilizar quem está postando, mas isso não impede que alguns defendam a violência abertamente.
Sem apoio dos grandes influenciadores
Essa mobilização golpista neste início de semana está sendo feita por militantes sem muita fama. Os bolsonaristas seguidos por centenas de milhares de pessoas nas redes não embarcaram no movimento e estão, inclusive, pregando pela pacificação, como mostra postagem do deputado federal eleito Ricardo Salles (PL-SP):
O resultado da eleição mais polarizada da história do Brasil traz muitas reflexões e a necessidade de buscar caminhos de pacificação de um País literalmente dividido ao meio. É hora de serenidade.
— Ricardo Salles (@rsallesmma) October 30, 2022
Bloqueios de rodovias
Após a derrota de Bolsonaro nas urnas, apoiadores do presidente estão se mobilizando para bloquear rodovias desde a madrugada desta segunda. Eles bloqueiam 63 pontos em rodovias de 11 estados brasileiros e do Distrito Federal, segundo a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava).
Começa a circular nas redes sociais vídeos de caminhoneiros protestando contra a vitória de Lula. #Eleicões2022 pic.twitter.com/gBprRilJZo
— Metrópoles (@Metropoles) October 31, 2022
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), há bloqueios nos seguintes estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Rodovias do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, de Rondônia, do Pará, de Goiás, São Paulo e do Distrito Federal também foram atingidas.
A PRF anunciou, nesta segunda, que acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para garantir liminares com intuito de cessar os bloqueio de rodovias por grupos bolsonaristas.
De acordo com a PRF, o órgão foi acionado para obter “interdito proibitório na Justiça Federal”. A corporação pede expedição de mandado judicial para acabar com os bloqueios e “garantir pacificamente a manutenção da fluidez nas rodovias brasileiras”.