Sete dos 8 mortos em ação da PM no Rio são identificados; veja nomes
Dois deles não tinham passagem pela polícia. MP e Polícia Civil do Rio de Janeiro investigam se houve execução no Complexo do Salgueiro
atualizado
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Sete dos oito mortos durante operação da Polícia Militar no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foram identificados. De acordo com a PM, dois deles não tinham passagem pela polícia. São eles: David Wilson Oliveira Antunes, de 23 anos, e Kauã Brenner Gonçalves Miranda, 17.
Além de David e Kauã, estão entre as vítimas:
- Rafael Menezes Alves, 28 anos;
- Carlos Eduardo Curado de Almeida, 21 anos;
- Élio da Silva Araújo, 53 anos;
- Jhonatan klando Pacheco Sodré, 28 anos;
- Ítalo George Barbosa Gouvea Rossi, 33 anos, conhecido como Sombra.
O delegado Bruno Cleuder, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSGI), abriu um inquérito e o Ministério Público Rio, por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Niterói e São Gonçalo, instaurou um procedimento investigatório criminal para o caso.
Morador relata ação da PM no RJ: “Gente degolada. Vieram para matar”
Além dos óbitos relacionados à operação do Bope, houve registro de um policial morto a tiros no sábado (20/11), durante um patrulhamento, por criminosos da região.
E, no domingo (21/11), uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamada para socorrer um homem ferido no Complexo do Salgueiro, que não sobreviveu. De acordo com a PM, ele foi reconhecido como um dos indivíduos que participaram do ataque ao sargento morto na véspera.
Sinais de tortura
Além da quantidade de óbitos, o que chama a atenção no episódio é a descrição dos sinais de tortura e execução nos cadáveres localizados.
A reportagem do Metrópoles esteve no local nessa segunda-feira (22/11) e observou que, entre os corpos, havia um com os braços cortados.
Essa cena brutal coincide com os relatos dos moradores que, desde o início desta manhã, começaram a resgatar os corpos espalhados por uma área de mangue num trecho do Complexo do Salgueiro.
“Tem gente torturada, gente esfaqueada, sem dedo. Tem gente degolada. Não vieram pra prender ninguém, vieram pra matar. E foi isso que eles fizeram. Eles mataram”, disse a parente de um dos mortos em depoimento ao Metrópoles.
Ela contou que seu primo estava dentro de casa quando os agentes do Bope surgiram e o levaram. “Ele foi encontrado hoje dentro do mangue. O corpo dele foi retirado pelos moradores”, disse ela.
PM menciona roupas camufladas
Já a Polícia Militar afirmou que quatro dos oito homens mortos pelo Bope na área de mangue dentro da favela estavam vestidos com roupas camufladas – o que sinalizaria a participação do crime organizado local.
Operação do Bope
No último sábado (20/11), um policial foi morto na região do Salgueiro durante um patrulhamento. Na sequência, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM do Rio foi chamado ao local para fazer uma busca pelos responsáveis pelo crime.
A Polícia Militar do Rio confirmou que, após a morte do policial, uma equipe do Bope seguiu para um trecho do Morro do Salgueiro, onde, segundo informações recebidas pela PM, estaria um dos responsáveis pela ação.
OAB indica que houve tortura
De acordo com o advogado Álvaro Quintão, que integra a Comissão de Direitos Humanos da OAB, os relatos dão conta de que os indivíduos mortos foram torturados e executados. Ele ponderou, no entanto, que os corpos ainda estão sendo analisados.
“Mesmo assim, a indicação é de que houve tortura, inclusive de pessoas inocentes, sem ligação estabelecida ou confirmada com o crime organizado”, disse Quintão ao Metrópoles.
A irmã do eletricista Élio da Silva Araújo disse que o homem se rendeu e mesmo assim foi morto. “Desumano”, lamentou.