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Servidores criticam texto de autonomia do BC, mas ainda analisam PEC

Texto da PEC que dá autonomia ao Banco Central (BC) foi idealizada pelo atual presidente do órgão, Roberto Campos Neto

atualizado

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Imagem aérea do Banco Central BC em Brasília - Metrópoles
1 de 1 Imagem aérea do Banco Central BC em Brasília - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Enquanto o Congresso Nacional e o governo entram em impasse sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 65/2023, que muda o regime jurídico do Banco Central (BC), servidores do órgão criticam o texto, idealizado pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto, mas ressaltam que o texto ainda está em avaliação.

A PEC foi apresentada pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) no ano passado e tem colocado o Palácio do Planalto e o chefe da autoridade monetária em novo antagonismo.

Campos Neto se reuniria nesta terça-feira (30/1) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas a agenda acabou caindo e, até o momento, não há nova data para um encontro entre os dois.

O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) considerou que o texto traz riscos à independência do BC e seus servidores.

“O sindicato entende que o texto foi escrito às pressas, sem o estudo prévio necessário e sem qualquer diálogo prévio com os servidores da Casa”, alegou o sindicato, em nota crítica a Campos Neto. “O Sinal não aceita a imposição e a arrogância do sr. Roberto Campos Neto e seu texto mal formulado para atender a interesses particulares”.

O presidente do Banco Central gostaria de aprovar essa autonomia até o fim do mandato, que expira em dezembro de 2024. O modelo defendido por ele foi idealizado pelo avô, o economista Roberto Campos (1917-2001), um dos criadores do Banco Central brasileiro.

A PEC está atualmente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), aguardando apresentação de relatório pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM).

Apesar da oposição histórica do PT à autonomia do BC, Haddad negou recentemente que esteja colocada uma discussão sobre revisão da norma, mas criticou o modelo atual: “O nosso modelo de autonomia foi um pouco além do que a experiência internacional recomendaria, na minha opinião”.

“Avançar dois anos do mandato do presidente eleito talvez tenha sido um excesso, talvez se avançasse um ano, já que o presidente (da República) não vai poder demitir o presidente do Banco Central”, completou o titular da pasta.

Entenda

Durante a gestão Jair Bolsonaro (PL), foi aprovada a lei de autonomia do BC. Desde 2021, os mandatos do presidente e dos diretores da instituição têm duração de quatro anos, e não coincidem com os mandatos do presidente da República. Eles têm estabilidade nos cargos, e não podem ser destituídos.

A legislação garante ao órgão independências técnica, operacional, administrativa e financeira.

A PEC agora em debate traz autonomia total para o Banco Central, com mudança no regime jurídico do órgão, transformando-o em empresa pública. Atualmente, o BC é uma autarquia pública estatutária.

Segundo o texto, a autonomia de gestão administrativa, contábil, orçamentária, financeira, operacional e patrimonial ficarão sob supervisão do Congresso Nacional. A proposta também dota o BC de poder de polícia, incluindo de regulação, supervisão e resolução.

Para os atuais servidores, será assegurada a opção entre carreiras congêneres no âmbito do Poder Executivo Federal e o quadro de pessoal do Banco Central.

Para o sindicato dos servidores do BC, a proposta permitirá a retirada da estabilidade dos funcionários do texto constitucional, “fragilizando o poder e as prerrogativas que os profissionais têm para exercer suas atividades de fiscalização bancária imunes a pressões externas (dos operadores do mercado financeiro)”.

Além disso, eles consideram que a transformação do BC em empresa pública flexibiliza os processos do BC (contratações, alienações etc.) e retira a supervisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre a instituição, facilitando o esvaziamento e a terceirização de muitas  atividades da Casa.

Lula x Campos Neto

Ao longo do ano de 2023, Lula fez uma série de críticas a Campos Neto e o acusou de alinhamento ao ex-presidente Bolsonaro.

O apaziguador da relação foi Haddad, que buscou aproximação com o chefe da autoridade monetária. Depois disso, o tom do presidente da República foi amenizado após iniciado o ciclo de cortes na taxa básica de juros, a Selic.

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