Servidores do Detran-GO são presos por fraudes em transferências
De acordo com a PCGO, os servidores usavam senhas de acesso restrito para cometer os crimes. Mandados de prisão foram cumpridos em 5 cidades
atualizado
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Goiânia – A Polícia Civil de Goiás (PCGO) deflagrou a Operação Chave Falsa, nesta quarta-feira (28/8), e cumpre 18 mandados de busca e apreensão e oito de prisão contra servidores do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), além de despachantes, garageiros, compradores e vendedores de veículos. Eles são suspeitos de fraudar transferências de veículos.
De acordo com a corporação, funcionários públicos do órgão utilizavam senhas de acesso restrito de outros servidores para praticar os crimes. Ainda segundo a PCGO, a princípio, os profissionais que tinham as senhas violadas desconheciam a prática fraudulenta e, muitas vezes, nem estavam no órgão.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas residências de investigados nos municípios de Goiânia, Anápolis, Trindade, Santa Helena de Goiás, Mozarlândia e Caldas Novas, assim como os mandados de prisão temporária. Até as 9h, cinco pessoas tinham sido presas e três eram procuradas, de acordo com a polícia.
Até o momento, os nomes dos envolvidos não foram divulgados, e o Detran-GO não se manifestou sobre o caso.
“Ponte de recibo”
De acordo com a PC-GO, foi apurado que, entre 2021 e 2022, servidores comissionados e efetivos do Detran-GO se associaram com despachantes, garageiros, compradores e vendedores de veículos para cometer diversas fraudes.
Conforme as investigações, entre as irregularidades está a transferência de veículos. Segundo a polícia, os servidores causaram prejuízo para o Detran-GO quando evitavam fazer transferências de um único veículo, e assim, os beneficiados deixavam de pagar as taxas devidas.
A prática é conhecida como “ponte de recibo”, ou seja, pula-se a pessoa para qual foi realizada a comunicação de venda do veículo, transferindo o domínio do nome do primeiro proprietário para o terceiro comprador.
Além disso, foi apurado que os investigados faziam cancelamento ilegal de bloqueio de sinistro de grande monta, quando o veículo fica em situação de perda total, desbloqueio indevido de embargo de licenciamento, cancelamentos ilegais de comunicados de venda e de intenções de venda, inclusões indevidas de novos comunicados de venda e de intenções de vendas.
Para cometer essas fraudes, o grupo praticou diversos crimes, como falsificação de documentos, uso de documentos falsos, falsidade ideológica majorada, peculato-eletrônico, corrupção passiva e corrupção ativa, em continuidade delitiva, de acordo com a polícia.
No total, a Operação Chave Falsa instaurou o total de oito inquéritos policiais e analisou 30 processos administrativos do Detran-GO.
Computadores da autarquia utilizados para as práticas fraudulentas pelos servidores foram apreendidos para perícia, além dos documentos públicos e particulares falsificados usados pelos investigados para as transferências ilícitas de propriedade veicular.