Servidores denunciam ex-chefe da Receita que fez pressão para liberação de joias
Funcionários alegam ter sofrido pressões do ex-chefe da Receita Julio Cesar Vieira Gomes para liberar joias presenteadas por Arábia Saudita
atualizado
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Servidores da Receita Federal procuraram a Corregedoria do Ministério da Fazenda para denunciar o ex-chefe da Receita, Julio Cesar Vieira Gomes. Gomes comandava a Receita Federal durante a gestão Bolsonaro. A denúncia é assinada pelo comando da superintendência de São Paulo e os delegados da alfândega de Guarulhos.
De acordo com a apuração do jornal Estado de S. Paulo, como prova dos atos de pressão, foram enviados à corregedoria diversos tipos de documentos, além de mensagens de texto, áudios e e-mails, entre outros.
Os servidores ainda avaliam a possibilidade de entrar com representações individuais contra Gomes devido a pressão que teriam sofrido desde que ele passou a comandar a Receita, em dezembro de 2022, para que os servidores liberassem as joias apreendidas no Aeroporto de Guarulhos.
Os funcionários relataram ao jornal temor de procurar a corregedoria da Receita porque o chefe da seção de correição do órgão foi indicado pela família Bolsonaro. João José Tafner foi exonerado nesta quinta-feira (9/3).
Entenda
Como revelou o Estadão, o governo Bolsonaro tentou trazer ao Brasil, ilegalmente, diversas joias, avaliadas em mais de R$ 16 milhões. Os objetos seriam presente do governo da Arábia Saudita para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que visitou o país árabe em outubro de 2021, acompanhando a comitiva presidencial.
Tratam-se de anel, colar, relógio e brincos de diamante.
O pacote de joias foi apreendido no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na mochila de um assessor de Bento Albuquerque, então ministro de Minas e Energia. No Brasil, a lei determina que todo bem com valor acima de US$ 1 mil seja declarado à Receita Federal. Dessa forma, o agente do órgão reteve os diamantes.
O governo Bolsonaro teria tentado recuperar as joias acionando três ministérios: Economia, Minas e Energia e Relações Exteriores. Numa quarta movimentação para reaver os objetos, realizada a três dias de o então presidente deixar o governo, um funcionário público utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para se deslocar a Guarulhos.
O homem teria se identificado como “Jairo” e argumentado que nenhum objeto do governo anterior poderia ficar para o próximo.
Nesta quarta, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou que incorporou ao seu acervo privado alguns dos presentes encaminhados pelo príncipe da Arábia Saudita em 2021, mas alegou que não há ilegalidade no caso do recebimento de joias milionárias trazidas da Arábia Saudita por integrantes de seu governo. A fala ocorreu em entrevista do ex-mandatário da República à CNN.