Servidores da área ambiental cobram Lula por contradição em discurso
Presidente Lula participou da COP28, onde defendeu a promessa de desmatamento zero na Amazônia até 2030
atualizado
Compartilhar notícia
Servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apresentaram cartas endereçadas aos seus respectivos presidentes em que demonstram descontentamento com o que consideram contradições entre o discurso ambiental do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a prática no que diz respeito à volorização de quem trabalha na área.
Os documentos foram apresentados após a participação do petista na 28ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP28), realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Os servidores alegam que o governo Lula tem metas muito ambiciosas para a área ambiental e impossíveis com o atual número de funcionários e condições dos órgãos ambientais.
“Mesmo após os ataques sofridos pelos servidores ambientais no governo anterior, que colocaram a proteção ambiental no centro do debate eleitoral em 2022, e a atuação decisiva do Ibama e ICMBio na queda de 49,7% no desmatamento da Amazônia (Prodes 2023), o governo Lula permanece inerte”, cobra trecho.
“Os servidores do IBAMA e do ICMBio não veem outra opção senão considerar a deslealdade do atual governo, reduzir as expectativas em relação a discursos e promessas, e, como trabalhadores, expor as contradições identificadas e lutar pelo reconhecimento que lhes é devido”, completa o documento dos servidores.
Lula prega compromisso ambiental, mas dá “sinais trocados”
As críticas se estendem também à defasagem salarial e a alta rotatividade dos servidores da área ambiental. Representantes dos dois órgãos destacam que as promessas ambientais do presidente Lula só serão cumpridas com a valorização dos funcionários do Ibama e do ICMBio.
Lula chega à Presidência com promessa de desmatamento zero da Amazônia
“É hora de ajustar o voluntarismo, engajamento e capacidade de combate para que a valorização da Carreira seja percebida como estratégica para o Brasil, não apenas uma demanda corporativista. Sem pressão, não haverá negociação ou resolução da crise latente”, ressalta outro trecho dos documentos.
A carta endereçada ao Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama, conta com a assinatura de mais de 1200 servidores.
Concurso
O governo federal tem trabalhado na elaboração de editais de concursos públicos para o Ibama, ICMBio e para o Ministério do Meio Ambiente. O presidente Lula chegou a defender, inclusive, o aumento no número de servidores na área ambiental.
“Quando deixei o governo em 2010, o Ibama tinha 1.700 pessoas. Quando voltamos, tinha 700 pessoas. Com isso não se tem capacidade de fiscalização, de acompanhamento de projeto. É preciso ter consciência de que não é gasto, é investimento fazer concurso e colocar as pessoas adequadas em quantidades adequadas para continuar fiscalizando o país”, declarou o presidente em agosto.
O Ministério do Meio Ambiente informou ao Metrópoles que tem como prioridade responder às demandas dos servidores ligados à área ambiental. A pasta informou que o governo autorizou a convocação de 257 servidores do cadastro reserva do Ibama e 160 do ICMBio. Além disso, há solicitação de 2.408 vagas para o Ibama e 877 para o ICMBio.
O ministério comandado por Marina Silva (Rede) destacou ainda que a pasta está em constante diálogo com os órgãos ligados à área ambiental.