Servidor do Ministério da Justiça planejou bloqueios da PRF nas eleições
Subordinado de Anderson Torres, servidor decidiu quais cidades receberiam reforço de agentes da PRF para operações no 2° turno das eleições
atualizado
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O documento com a lista de cidades em que o efetivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) deveria ser reforçado no segundo turno das eleições presidenciais de 2022 foi feito por um servidor do Ministério da Justiça. O planejamento contemplava todos os estados do Nordeste, onde Lula liderava em intenções de votos.
A informação é do blog de Andréia Sadi, do G1. Nessa segunda-feira (4/4), foi revelado que o ex-ministro da Justiça Anderson Torres foi pessoalmente à Bahia dias antes do segundo turno acompanhado pelo então diretor da PF, Marcio Nunes, para pressionar o então superintendente regional, Leandro Almada, a atuar na operação no dia do pleito, dando apoio à PRF.
O segundo turno aconteceu em 30 de outubro de 2022. Na data, vários eleitores de estados do Nordeste denunciaram operações e blitze da PRF que dificultavam o exercício do voto. Na ocasião, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, pediu explicações ao então diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques.
Em relação ao envolvimento nas eleições, a PF descobriu um “boletim de inteligência” que teria sido produzido em outubro pela então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar — delegada que, posteriormente, trabalhou com Torres na Secretaria de Segurança do Distrito Federal.
O documento detalha os locais onde o então candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia sido mais votado no primeiro turno das eleições de 2022. Na análise dos investigadores, o boletim serviu para que o ex-ministro viabilizasse a tentativa de complicar a chegada dos eleitores aos locais de votação em algumas regiões, com a operação realizada pela PRF no dia do segundo turno.
O documento chegou a ser apagado do celular de Marília. No entanto, foi recuperado parcialmente pela PF.
Outra discrepância apurada no caso está a negativa da secretária de Torres de que ela teria entregado o documento golpista a ele. Em depoimento, a secretária foi taxativa: “Nunca entreguei nada”. O ex-ministro teria declarado que recebeu a minuta por meio dela.